Essa técnica substitui substâncias tóxicas e torna a energia solar ainda mais sustentável, pois permite a reciclagem limpa das células, sem prejudicar o meio ambiente
Cientistas da Universidade de Linköping, na Suécia, desenvolveram um método inovador para reciclar painéis solares modernos utilizando água como solvente principal. O ponto positivo é que essa técnica substitui substâncias tóxicas e torna a energia solar ainda mais sustentável, pois permite a reciclagem completa das células sem prejudicar o meio ambiente.
Além disso, os testes mostraram que as células solares recicladas mantêm a mesma eficiência das originais. Isso consolida o processo como um modo de reaproveitamento eficiente e econômico, já que painéis fotovoltaicos convencionais possuem uma vida útil de aproximadamente 30 anos, mas sua eficiência pode diminuir entre 6% e 8% após 25 anos
“Precisamos levar a reciclagem em consideração ao desenvolver tecnologias emergentes de células solares”, disse Feng Gao, professor de optoeletrônica da universidade sueca.

O método desenvolvido pelos cientistas suecos funciona com células solares de perovskita, uma das tecnologias mais promissoras da nova geração de painéis solares. Além de serem relativamente baratas e fáceis de fabricar, essas células são leves, flexíveis e transparentes, o que permite sua aplicação em diversas superfícies, como janelas, fachadas e varandas.
Como funciona a reciclagem de painéis solares convencional?
O processo de reciclagem de painéis solares varia conforme a tecnologia utilizada e a disponibilidade de instalações especializadas, mas geralmente segue etapas padronizadas e envolve o uso de químicos tóxicos. Isso porque, na separação de materiais, o painel passa por um processamento térmico acima de 500°C para remover plásticos. Depois, uma série de processos químicos remove a camada de polímero e separa os contatos metálicos. O silício das células fotovoltaicas, mais de 80% reutilizável, é gravado e fundido em novas placas.
Na alternativa de reciclagem limpa, a equipe de cientistas fez com que o solvente químico usado no processo de desmonte e separação pudesse ser substituído por água. “Podemos reciclar tudo — vidros de cobertura, eletrodos, camadas de perovskita e a camada de transporte de carga”, disse Xun Xiao, do Departamento de Física, Química e Biologia da Universidade de Linköping.

Além disso, com o fim do ciclo de vida dos painéis solares de silício, surge um problema ambiental relacionado ao descarte em aterros sanitários. No entanto, a substituição do silício por perovskita promete mudar esse cenário, favorecendo uma cadeia de produção mais circular para a energia solar.
Segundo Niansheng Xu, pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Linköping (LiU), o novo método desenvolvido permite reutilizar todas as partes de uma célula solar de perovskita sem perda de desempenho. Isso evita a criação de novos resíduos e pode revolucionar a sustentabilidade no setor fotovoltaico.