“Rainha do Garimpo” é responsável por um dos maiores prejuízos ambientais no Brasil, com extração ilegal de quase 230 quilos de ouro

Os danos socioambientais provocados pela equipe liderada pela Rainha do Garimpo ultrapassam os R$ 295 milhões, um dos maiores prejuízos já registrados no Brasil

Conhecida por “Dona Íris”, “Íris Garimpeira” e, principalmente, “Rainha do Garimpo”, Irismar Cruz Machado, de 57 anos, é tida como uma das líderes do garimpo ilegal do Brasil, responsável por comandar a extração ilegal de ouro e cassiterita em terras indígenas Yanomami, às margens do Rio Uraricoera. A mulher também está sob investigação por lavagem de dinheiro junto de seu filho Pablo Severo Machado, o “Príncipe do Garimpo”, após movimentarem grandes quantias com empresas de fachada para justificar a aquisição de bens de luxo, como imóveis e veículos de alto valor, incompatíveis com a renda declarada pela família.

Irismar foi presa em outubro deste ano pela Polícia Federal (PF) e liberada em novembro por decisão judicial, apesar das acusações sobre seu “império criminoso” ao norte de Roraima. Sua organização possui uma estrutura hierárquica sólida, orientada pela busca de alta lucratividade no garimpo e por uma rede de violência e intimidação, segundo informações do portal Metrópoles e do g1.

Irismar Cruz Machado, a Rainha do Garimpo, quando foi presa pela PF em 2022
Irismar Cruz Machado, a “Rainha do Garimpo”, quando foi presa pela PF em 2022 | Foto: Arquivo pessoal/Reprodução g1 Roraima

Com sua rede de empresas de fachada, a Irismar e Pablo adquiriram propriedades em Roraima e na Guiana Inglesa, onde a mãe extraía cerca de 1,5 kg de ouro por mês. Segundo a Polícia Federal, a família acumula riqueza ilícita enquanto comunidades como os Yanomami enfrentam graves impactos ambientais e sociais decorrentes de sua exploração.

Impacto do garimpo aos Yanomami

O “reino” da Rainha do Garimpo contribui para agravar a destruição ambiental, contaminação dos recursos naturais e impactos graves na saúde e na cultura do povo Yanomami. Isso porque o garimpo ilegal destrói a floresta para abrir clareiras e utiliza mercúrio no processo de extração de ouro, contaminando rios e matando peixes, fonte essencial de alimento para a população local.

Além disso, com o desmatamento, o solo erodido carrega o mercúrio para os rios, onde ele se transforma em metilmercúrio, uma forma altamente tóxica que se acumula na cadeia alimentar. Essa contaminação representa um sério risco direto à saúde das comunidades locais, incluindo os próprios povos Yanomami, que dependem diretamente dos recursos naturais da região.

O garimpo ilegal traz doenças, violência e conflitos territoriais, ameaçando a segurança e a sobrevivência do povo indígena local. O impacto cultural é profundo, com a invasão de terras sagradas e a ruptura de práticas tradicionais, colocando em risco a existência desse povo e seu modo de vida.

Garimpeiro exibe mercúrio
Garimpo brasileiro contamina rios e indígenas da Guiana Francesa | Foto: Fábio Bispo/InfoAmazonia

Rainha da devastação

Estima-se que os danos sociais e ambientais provocados pelos garimpeiros ilegais liderados por Irismar ultrapassem os R$ 295 milhões, um dos maiores prejuízos ambientais já registrados no Brasil. “As investigações revelaram o possível uso de mercenários armados na defesa dos garimpos ilegais, revelando a estrutura e periculosidade da referida organização criminosa. Além disso, estima-se que a atuação do grupo tenha causado impactos socioambientais avaliados em mais de R$ 295 milhões além da extração ilegal de aproximadamente 229 kg de ouro, avaliados em R$ 68.926.710,00 (valores atuais).”, detalhou a PF no final de outubro, quando aconteceu a prisão da mulher e seu filho pela segunda vez.

Isadora Noronha Pereira
Isadora Noronha Pereira
Jornalista e estudante de Publicidade com experiência em revista impressa e portais digitais. Atualmente, escreve notícias sobre temas diversos ligados ao meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no Brasil Amazônia Agora.

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