A exposição sobre povos da Amazônia em Paris apresenta o cotidiano e as lutas de grupos como os seringueiros de Xapuri, os indígenas Sateré-Mawé, os catadores de açaí e os quebradores de coco babaçu
Em comemoração ao Ano do Brasil na França, as imagens de um projeto dedicado à Amazônia brasileira feito em 2009 ganham uma exposição de destaque na icônica Avenida Champs-Élysées, em Paris. O trabalho do designer francês Antoine Olivier e o fotógrafo brasileiro J.L. Bulcão resultou na produção de um livro com registros fotográficos que retratam diversas populações da região, agora expostos na cidade.
A exposição na França apresenta o cotidiano e as lutas de grupos como os seringueiros de Xapuri, os indígenas Sateré-Mawé, os catadores de açaí e os quebradores de coco babaçu. Por meio de seus saberes tradicionais e de sua resistência cotidiana, esses povos demonstram que a preservação da Amazônia está diretamente ligada à sua própria sobrevivência.
As fotos reforçam a importância da conexão entre cultura local e proteção ambiental, chamando atenção internacional para as questões socioambientais da floresta.
“A gente decidiu fotografar os povos da floresta, que era o nome dado pelo Chico Mendes (seringueiro e líder militante, morto em 1988) às pessoas que moram na Amazônia. Fizemos uma pesquisa grande e decidimos dar uma volta na região”, conta J.L. Bulcão ao portal RFI.
“Começamos no Acre, no seringal Cachoeira, terra do Chico Mendes, depois fomos para o Médio-Amazonas, na terra dos Sateré-Mawé, que são os índios que têm como símbolo maior o guaraná; de lá fomos a Belém, pegamos o barco e fomos até Abaetetuba, uma das cidades principais produtoras de açaí; e a quarta etapa foi com as quebradeiras de coco babaçu, que estão localizadas num território entre Tocantins, Pará e Maranhão. São pessoas que estão lá há muitos anos e lutam pelo direito à terra para voltar a poder catar esses babaçus nas propriedades que não são delas”, explica Bulcão, completando que todo o processo durou mais de um ano.
Antoine Olivier relatou que o processo de seleção das imagens para a exposição em Paris foi bastante rigoroso e minucioso. Segundo ele, apenas de sua autoria foram feitas cerca de 10 mil fotos, exigindo um extenso trabalho de edição.
A exposição foi organizada em torno de quatro temáticas principais, e a curadoria buscou selecionar as imagens mais impactantes e representativas de cada uma delas, com o objetivo de proporcionar ao público uma visão mais abrangente da diversidade dos povos da Amazônia e sua realidade.
As imagens chegaram à avenida no dia 11 de junho e permanecerão disponíveis ao público até o dia 19 de junho.