“…é determinante que jovens amazonenses reconheçam o valor de uma formação profissional voltada à indústria e o impacto que sua participação pode ter no desenvolvimento da região. Conhecer o Polo Industrial de Manaus, envolver-se em sua dinâmica e defendê-lo são passos fundamentais para assegurar um futuro de prosperidade e equilíbrio para o Amazonas e para o Brasil.”
Por Alfredo Lopes e André Costa
_______________________
Coluna Follow-Up
O Polo Industrial de Manaus (PIM) é mais do que uma infraestrutura produtiva; é um motor de desenvolvimento econômico, social e ambiental para o estado do Amazonas e para toda a Região Norte.Foi assim que o Congresso Nacional reconheceu a importância da Zona Franca de Manaus para o Brasil. Um programa de desenvolvimento regional que, não apenas gera riqueza e oportunidades de emprego, mas também cumpre um papel estratégico na conservação ambiental e na formação de uma consciência de desenvolvimento sustentável entre as novas gerações. No contexto atual, em que debates como a reforma tributária quase colocaram em risco sua existência, é fundamental conscientizar os jovens sobre a relevância e as oportunidades oferecidas por esse modelo único de política fiscal.
A relevância econômica do PIM
O PIM responde por 85% de movimentação da economia do Amazonas e contribui com 30% da formação de riqueza da Região Norte, segundo os indicadores oficiais. Seu impacto é perceptível na geração de emprego: o estado atingiu em outubro de 2024 um recorde de 552 mil empregos formais, dos quais mais de 127 mil são diretamente vinculados à indústria de transformação.
Esses números mostram como o PIM é essencial para o sustento de milhares de famílias e para a movimentação econômica local. Além disso, setores como os de eletrônicos, duas rodas e químico têm desempenhado um papel de destaque. O setor de Duas Rodas, por exemplo, gerou mais de 20 mil empregos formais e teve um faturamento superior a R$ 3 bilhões apenas em outubro de 2024 . Esses resultados evidenciam o potencial do PIM para transformar recursos potenciais em produtos de alto valor agregado, fortalecendo a economia regional.
Compromisso ambiental
O modelo da Zona Franca de Manaus é frequentemente apontado como um exemplo global de desenvolvimento sustentável. Ele une a atividade industrial à conservação da floresta em pé, criando um equilíbrio único entre progresso e preservação ambiental. Ao reduzir a pressão por desmatamento, o PIM ajuda a proteger a biodiversidade amazônica, evitando que a floresta seja transformada em áreas de agronegócio extensivo. A política fiscal que sustenta a Zona Franca de Manaus incentiva o uso de tecnologias limpas e processos produtivos mais eficientes, alinhados aos objetivos de mitigação das mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, a arrecadação tributária gerada pelas indústrias do PIM contribui para investimentos em educação, saúde e infraestrutura básica no Amazonas.
Oportunidades para os jovens
O PIM não apenas cria empregos, mas também promove a qualificação profissional e o desenvolvimento humano. Programas de treinamento oferecidos pelas empresas do setor industrial abrem caminhos para a realização pessoal e profissional, tornando a indústria um ambiente dinâmico e desafiador para os jovens. O crescimento de setores como os de bens de informática e tecnologia oferece oportunidades de carreira que estão alinhadas às demandas do mercado global. Além disso, a conscientização sobre o papel da indústria na preservação da floresta pode inspirar os jovens a se envolverem em iniciativas de inovação sustentável. Trabalhar no PIM não é apenas uma questão de sustento; é uma oportunidade de participar de um projeto maior, que une progresso econômico e responsabilidade ambiental.
Desafio da Reforma Tributária
O recente debate sobre a reforma tributária quase resultou em um esvaziamento da Zona Franca de Manaus, ameaçando o modelo que há décadas sustenta a economia e a preservação ambiental na região. Há quem prefira substituir a floresta por ativos do agronegócio. E essa discussão reforça a necessidade de envolver a sociedade, especialmente os jovens, na defesa do PIM. É preciso compreender que políticas fiscais inteligentes não são um privilégio, mas uma estratégia de desenvolvimento que beneficia não apenas o Amazonas, mas todo o Brasil. O Polo Industrial de Manaus é mais do que um arranjo econômico; é um pilar de desenvolvimento sustentável que conecta o presente ao futuro da Amazônia.
As novas gerações
Conscientizar os jovens sobre sua importância é um passo essencial para garantir a continuidade desse modelo único. Eles são os futuros líderes, trabalhadores e empreendedores que terão a missão de inovar e expandir os horizontes do PIM, preservando a floresta e promovendo o desenvolvimento social. Portanto, é determinante que jovens amazonenses reconheçam o valor de uma formação profissional voltada à indústria e o impacto que sua participação pode ter no desenvolvimento da região. Conhecer o PIM, envolver-se em sua dinâmica e defendê-lo são passos fundamentais para assegurar um futuro de prosperidade e equilíbrio para o Amazonas e para o Brasil.
Alfredo é filósofo, foi professor na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal Brasil Amazônia Agora
André Ricardo Costa é Doutor em Administração pela FEA/USP e professor da Ufam
Comentários