Neste “Horizontes do Jornalismo”, o professor Carlos Eduardo Lins da Silva avalia parceria do Facebook com veículos de comunicação no Brasil e demonstra preocupação diante dos documentos vazados da rede
Nas últimas semanas, o Facebook anunciou uma parceria com um grupo de 20 veículos de comunicação da imprensa brasileira em uma nova iniciativa da rede para impulsionar o jornalismo profissional no chamado News Innovation Test. “Claro que é uma boa notícia. Qualquer coisa que se faça que ajude os jornais a encontrar uma saída para sua crise deve ser bem-vinda. Mas isso ainda é muito pouco comparado com aquilo que não só o Facebook, mas as outras plataformas de redes sociais deveriam fazer”, analisa o jornalista e professor Carlos Eduardo Lins da Silva em sua coluna Horizontes do Jornalismo.
Lins explica que, além do Facebook, outras redes sociais lucram com o conteúdo produzido pelo jornalismo profissional sem nenhum retorno à imprensa por mais de dez anos. “Oitenta por cento de toda publicidade digital fica nas mãos dessas plataformas, que formam um truste, como poucos se formaram na história da economia mundial”, avalia.
O professor ainda lembra a série de reportagens do The Wall Street Journal que denuncia, a partir de documentos internos do Facebook vazados, a transmissão de desinformação sobre as vacinas para covid-19, por exemplo. “Ela mostra também redes de tráfico humano para empregos domésticos, quase escravos, no Golfo Pérsico; tráfico de drogas em diversos países, inclusive no México, articulado e coordenado por meio do Facebook, e violências étnicas na Etiópia também pela plataforma”, ressalta Lins. Ele ainda demonstra surpresa pela pouca repercussão que a série do jornal norte-americano deveria ter, pelo menos, nos Estados Unidos, Europa e no Brasil. “Muito preocupante toda essa situação”, finaliza.
Fonte: Jornal da USP
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