“O caminho para a grandeza civilizatória da Amazônia está à nossa frente. Cabe a nós, enquanto sociedade, fortalecer as instituições que permitirão transformar esse potencial em realidade, criando uma região próspera, inclusiva e com oportunidades para todos”.
Por Nelson Azevedo
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Instituições fortes e sociedades prósperas determinam a premiação do Nobel de Economia de 2024 para Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson. Não se trata somente do reconhecimento do valor acadêmico de suas pesquisas, mas principalmente da confirmação das profundas implicações da relação entre inclusão social, prosperidade e grandeza civilizatória. O estudo das instituições e sua capacidade de promover o desenvolvimento sustentável se alinha perfeitamente com os desafios contemporâneos da Amazônia, uma região absurdamente rica em recursos naturais, com potencial para se tornar um exemplo global de prosperidade e bem-estar social.
Instituições sólidas e justas
Os laureados de 2024 demonstraram que as instituições são o alicerce das nações prósperas. Onde a inclusão social prevalece e as instituições são sólidas e justas, o crescimento econômico é sustentável e duradouro. Essa visão, apesar de essencialmente teórica, aponta para a necessidade de se criar um arcabouço institucional que permita, por exemplo, à Amazônia manter sua floresta em pé, ao mesmo tempo em que gera riqueza para suas populações através de múltiplas matrizes econômicas que todos já estudamos, conhecemos e propomos. Nossa indústria, há mais de 5 décadas, tem-se diversificado, adensado e reforçado pela economia de biodiversidade inteligente.
Ciência e tecnologia
A Amazônia, com sua vasta biodiversidade e recursos naturais incomensuráveis, pode ser uma resposta eficaz ao que os economistas laureados discutem em seus estudos. A floresta não precisa ser sacrificada em nome do progresso; pelo contrário, ela pode ser a base para uma nova economia verde, centrada na bioeconomia, no conhecimento científico e no uso racional de seus recursos. Sem prejuízo aos programas e projetos dos serviços ambientais e do reflorestamento que têm movimentado os principais agentes globais e continentais como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Cooperação Andina de Fomento.
Riquezas mensuráveis e sustentáveis
A Amazônia abriga riquezas que ainda estão subexploradas, como a vasta gama de bioativos presentes em sua flora e fauna, que podem revolucionar indústrias como a farmacêutica, a cosmética e a de alimentos. O potencial para desenvolver produtos com alto valor agregado a partir desses recursos gera crescimento econômico e coloca a região como líder em inovação e sustentabilidade. O Banco Genético da Embrapa, recentemente aquinhoado por uma coleta feita por notáveis cientistas que viajaram 20 mil quilômetros nos rios da Amazônia para seu acervo de bioativos.
Floresta em pé
Além disso, a manutenção da floresta em pé desempenha um papel crucial na regulação climática global, algo que, nas próximas décadas, se tornará cada vez mais valioso. A floresta amazônica é um dos maiores reservatórios de carbono do planeta, contribuindo diretamente para a mitigação das mudanças climáticas, um desafio global premente. Mantida em pé e com monitoramento científico e inovação tecnológica ela irá permitir a produção de água e oxigênio de que o país, o continente e o mundo precisam.
Inclusão social e prosperidade compartilhada
O que a premiação dos economistas do Nobel deste ano sublinha é que a inclusão social é indispensável para a prosperidade verdadeira. Isso significa que os benefícios econômicos da exploração sustentável da Amazônia devem ser distribuídos de maneira equitativa entre as populações locais, especialmente as comunidades indígenas e ribeirinhas, que historicamente preservam a floresta. São direitos e benefícios desde sempre adiados pela visão predatória e imediatista das abordagens econômicas equivocadas.
Marques de Pombal na Amazônia
Transformar a Amazônia em uma região de bem-estar social não é apenas uma questão de desenvolver indústrias sustentáveis, mas de garantir que essas novas oportunidades sejam acessíveis para todos. A inclusão social deve estar no centro de qualquer política de desenvolvimento, com investimentos em educação, saúde e infraestrutura para as populações locais, assegurando que elas sejam protagonistas nesse processo de transformação. Este modelo de planificação e inclusão social já existiu de forma embrionária na Amazônia, então chamada de Grao-Parã e Rio Negro, na segunda metade do século XVIII, quando Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, instalou uma economia baseada em pequenas propriedades.
Caminho para a grandeza civilizatória
Assim como Acemoglu, Johnson e Robinson defendem que o sucesso das nações está intrinsecamente ligado à força de suas instituições, o futuro da Amazônia também depende de uma governança sólida, que promova o desenvolvimento sustentável e inclusivo. O modelo de desenvolvimento da Amazônia precisa integrar ciência, tecnologia e inovação com respeito ao meio ambiente e às tradições das populações locais. As instituições do Estado de Direito, fortalecidas, prestigiadas e respeitadas são a chave de uma nova ordem social, econômica e ambiental.
Janelas de oportunidades
A criação de políticas que incentivem o uso sustentável dos recursos naturais, combinada com investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias verdes, é a senha e a chave essencial para acessar imensuráveis janelas de oportunidades. Assim, a Amazônia se tornará um farol de prosperidade global. A grandeza civilizatória da região dependerá de sua capacidade de aliar instituições fortalecidas, preservação ambiental e desenvolvimento econômico, mostrando ao mundo que é possível crescer de forma inclusiva e perene.
Prosperidade e inclusão
O Nobel de Economia de 2024 recomenda muitas reflexões e ações. E nos confirma que a inclusão social e a prosperidade estão interligadas, e que o desenvolvimento econômico não pode ser desvinculado de uma forte estrutura institucional. Para a Amazônia, essas lições são especialmente relevantes. A região tem tudo para se tornar um exemplo mundial de como a riqueza natural pode ser usada de forma sustentável pois temos em abundância aquilo que a Humanidade precisa.
Com a floresta em pé, para beneficiar não apenas as gerações presentes, mas também as futuras. O caminho para a grandeza civilizatória da Amazônia está à nossa frente. E já começou com a indústria da Zona Franca de Manaus, sua diversificação, adensamento e interiorização econômica. Cabe a nós, enquanto sociedade, fortalecer as instituições que permitirão transformar esse potencial em realidade, criando uma região próspera, inclusiva e com oportunidades para todos.
Nelson é economista, empresário e presidente do sindicato da indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.
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