Da poronga às baterias inteligentes: a luz da Amazônia contra a pobreza energética

“Da chama ancestral que iluminava seringueiros à inovação da UCB Power, a Amazônia escreve uma nova história de combate à pobreza energética”

A memória da poronga

Desde o ciclo da borracha, a poronga iluminava os caminhos dos seringueiros, guiando-os pela floresta em busca das seringueiras — as “árvores da fortuna”. Pequeno lampião de querosene, rústico e indispensável, a poronga simbolizava não só luz, mas resistência em meio à escuridão amazônica.

“A poronga representava engenhosidade e sobrevivência. Era uma centelha de autonomia em meio à vastidão da floresta”, lembra o pesquisador fictício João Nogueira, especialista em história social da Amazônia.

pobreza energética
Poronga

A sombra da pobreza energética

Mais de um século depois, a falta de luz ainda é realidade para milhões de amazônidas. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cerca de 990 mil pessoas na região Norte ainda vivem em situação de pobreza energética, dependendo de geradores a diesel — caros, poluentes e sujeitos a falhas.

Cada apagão restringe a educação, compromete a saúde e freia o potencial econômico local. A escuridão, outrora vencida pela poronga, agora exige soluções tecnológicas de maior escala.

As alternativas que despontam

A transição energética na Amazônia já não é futuro: está em curso. Colunista do portal Brasil Amazônia Agora, Ronaldo Gerdes destacou, a propósito, quatro cenários estratégicos para enfrentar esse desafio :


Micro e nanorredes inteligentes: combinando solar, biomassa e baterias, com inteligência artificial para prever consumo e reduzir desperdício.
• Bioenergia da floresta: resíduos como cascas de açaí e bagaço de cupuaçu convertidos em biocombustíveis e biochar.
• Hubs de hidrogênio verde: descentralizados, abastecidos por energia solar e hídrica para transporte fluvial e indústrias.
• Digitalização energética: blockchain e créditos de carbono permitindo comunidades vender excedentes de energia.

“A transição energética na Amazônia é uma urgência ambiental e social. Precisamos de parcerias estratégicas que unam governos, empresas e comunidades”.

pobreza energetica
Pobreza energetica

Tumbira, o farol amazônico

Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, a comunidade de Tumbira recebeu em 2024 a primeira usina solar com baterias de sódio do Brasil. O projeto pioneiro da UCB Power garantiu energia contínua para cerca de 40 famílias, substituindo o diesel.


Capacidade instalada: 20 painéis solares (7,5 kWp).
• Armazenamento: 16 baterias de sódio (38,4 kWh).
• Impacto imediato: funcionamento regular da escola, do posto de saúde e da refrigeração de alimentos.

“A energia mudou nossa vida. Antes, o gerador ficava ligado só algumas horas por dia. Agora temos luz para estudar, trabalhar e guardar comida”, contou Maria das Neves, liderança comunitária de Tumbira, em depoimento ao BAA.

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UCB e FAS inauguram sistema fotovoltaico em Tumbira –Imagem: Divulgação

Da bateria de lítio ao sódio: evolução amazônica

Desde 2019, a UCB Power tem sido protagonista na adoção de baterias de lítio em sistemas remotos da Amazônia, garantindo autonomia energética para centenas de comunidades. O lítio se consolidou como solução eficaz, de alta densidade e longa duração, embora carregue limitações como peso, custo mais elevado e um ciclo industrial mais complexo.

O passo seguinte dessa trajetória foi dado em Tumbira, com a introdução das baterias de sódio — tecnologia ainda em desenvolvimento no mundo, mas já aplicada de forma inédita na floresta. O sódio, além de ser um elemento abundante e de custo mais baixo, tem um processo de produção mais simples e facilita a reciclagem e o descarte, já que pode ser completamente absorvido pela natureza sem danos ambientais significativos.

“As baterias estão para a transição energética assim como os celulares foram para a telefonia. Elas vão mudar o jogo. Existem diversos tipos de baterias em estudo, e o sódio tem potencial para substituir o chumbo no futuro”, explicou Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, em entrevista ao UOL (2024).

Essa transição — do lítio ao sódio — revela o papel da Amazônia não apenas como usuária, mas como laboratório vivo da inovação energética global, onde soluções são testadas em condições extremas e depois podem ser escaladas para o mundo.

A revolução nas casas brasileiras

Em 2025, a UCB Power dá um novo passo com a Unipower Slim, a primeira bateria residencial All-in-One no Brasil. O equipamento integra bateria de lítio, inversor e sistema inteligente em formato compacto e acessível, pensado para casas, apartamentos e pequenos comércios.

“Energia limpa e independente não precisa ser complicada. Criamos uma solução prática e plugada na vida real”, disse Leonardo Carmo, diretor de Marketing e Negócios da UCB Power.

A Slim promete popularizar o armazenamento residencial, trazendo para os centros urbanos a mesma lógica de autonomia que Tumbira experimentou na floresta.

Do fogo ancestral ao futuro da justiça energética

Da chama frágil da poronga ao brilho inteligente das baterias, a Amazônia escreve sua trajetória contra a pobreza energética. Tumbira mostrou que é possível levar dignidade com inovação. A Unipower Slim mostra que essa transformação pode alcançar também os lares urbanos, aproximando o país de um futuro onde energia significa cidadania, soberania e esperança.

A luta continua…

Pobreza energética na Amazônia


990 mil pessoas na região Norte vivem sem acesso regular à energia elétrica (Aneel, 2023).
• 63% das comunidades isoladas dependem de geradores a diesel.
• O diesel chega a custar até 5 vezes mais nessas localidades por causa da logística.
• Projetos solares comunitários podem reduzir em até 80% o uso de combustível fóssil, com ganhos ambientais e sociais imediatos

Redação BAA
Redação BAA
Redação do portal BrasilAmazôniaAgora

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