A falta de infraestrutura nas cidades para coleta e pouca conscientização da população sobre o tema contribui para os baixos níveis de aproveitamento do lixo reciclável
Apenas 1,82% dos resíduos recicláveis secos e orgânicos são recuperados no Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico do Ministério das Cidades. Os números foram coletados em 2023, analisados em 2024 e divulgados nesta quarta-feira (12).
Segundo matéria do g1, os resíduos recuperados são aqueles efetivamente reciclados pela indústria de transformação. Os resíduos secos incluem vidro, plástico, metal e papel, enquanto os resíduos orgânicos podem ser reaproveitados por meio de compostagem ou outros métodos de decomposição biológica.

Assim, os números mostram que apenas 0,16 milhões de toneladas de resíduos orgânicos são recuperadas por ano no Brasil, enquanto os materiais recicláveis secos somam 1,17 milhões de toneladas.
O estudo aponta que apenas 36% da população brasileira tem acesso à coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares, um índice preocupante diante da importância dessa prática para a preservação ambiental e promoção da sustentabilidade. O Norte é a região com o maior déficit: apenas 5,6% dos municípios dispõem desse serviço.

“Aumentar o percentual de recuperação de resíduos recicláveis é fundamental para reduzir a exploração dos recursos naturais, minimizar a quantidade de lixo enviado para lixões e aterros e diminuir as emissões de gases de efeito estufa. Além dos benefícios ambientais, a reciclagem também tem um impacto positivo na economia, gerando empregos e fortalecendo o setor de cooperativas de catadores”, explica Bernardo Verano, especialista em Engenharia de Controle da Poluição Ambiental, ao g1.
Segundo ele, a baixa porcentagem de material reciclado no Brasil pode ser explicada por diversos fatores. A falta de infraestrutura nas cidades compromete a coleta e o processamento adequado dos resíduos, enquanto a conscientização insuficiente da população reduz a participação no descarte seletivo. Além disso, a baixa demanda por materiais reciclados em algumas regiões desestimula investimentos no setor, dificultando a ampliação da reciclagem e a adoção de práticas mais sustentáveis.
É necessária, portanto, uma ampliação da coleta seletiva para minimizar impactos ambientais e fomentar a economia circular, em busca de mudar esse cenário.