“O Prêmio Nobel de Economia de 2025 é mais que um tributo ao pensamento econômico — é um sinal de que, na Amazônia Industrial, ciência e indústria precisam voltar a falar a mesma língua”
Alfredo Lopes e Antonio Mesquita
O Prêmio Nobel de Economia de 2025, concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, reacende um debate essencial para a Amazônia: a inovação como causa, e não consequência, do desenvolvimento. O reconhecimento aos três economistas confirma o que a indústria da Zona Franca de Manaus (ZFM) há tempos defende — o progresso sustentável nasce quando o conhecimento científico, o empreendedorismo e a tecnologia se encontram num mesmo projeto de futuro.
A “destruição criativa”, conceito central de Schumpeter, refinado pelos premiados, propõe que a substituição de processos antigos por novas soluções tecnológicas é a essência do crescimento. Em outras palavras: não há modernização sem ruptura, nem prosperidade sem inovação. Essa lógica dialoga profundamente com os desafios e as oportunidades da Indústria 4.0 no Polo Industrial de Manaus, cuja competitividade depende, cada vez mais, da transição digital e da incorporação de tecnologias inteligentes, limpas e conectadas.
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A UEA como epicentro da nova economia amazônica
A Universidade do Estado do Amazonas, que nasceu e se mantém sustentada pelos recursos da própria indústria incentivada, é o maior ativo estratégico da Amazônia. A Agência UEA de Inovação pode se tornar o centro de gravidade da nova economia regional, articulando projetos de pesquisa aplicada, transferência tecnológica e formação avançada de talentos para atender as demandas da indústria 4.0 — robótica, automação, IoT, manufatura aditiva e inteligência artificial.
Os estudos dos laureados oferecem base teórica para um novo arranjo institucional: um pacto de inovação entre universidade e indústria, mediado pela Agência, em que a inovação se torne rotina, e não exceção, dentro do ecossistema produtivo da ZFM.
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O papel da Anprotec e a ponte tecnológica com a FPF Tech
A presença da FPF Tech, parceira da Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), amplia o alcance da UEA na estruturação de um ambiente de difusão tecnológica. Trata-se de um ecossistema que permite que o conhecimento científico encontre rapidamente sua aplicação industrial.
A Anprotec, com sua rede nacional de incubadoras e parques tecnológicos, oferece metodologias e instrumentos já testados em outras regiões. Integrar essa expertise à Agência UEA de Inovação pode acelerar a maturidade tecnológica dos projetos amazônicos e reduzir o tempo entre o laboratório e o mercado.
Essa sinergia pode consolidar a Amprotec Amazônica, fórum que uniria a experiência da FPF Tech, a capilaridade da UEA e as demandas tecnológicas da indústria local — um tripé capaz de posicionar Manaus como referência nacional em inovação industrial sustentável.
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A destruição criativa aplicada ao Polo Industrial de Manaus
Os laureados do Nobel demonstram que o crescimento tecnológico ocorre quando as instituições estimulam a competição e protegem a criação. Na Zona Franca de Manaus, esse aprendizado pode inspirar um movimento coordenado de renovação industrial, estimulando a substituição de processos ultrapassados por tecnologias de baixo carbono, digitais e automatizadas.
A Agência de Inovação da UEA, em parceria com as empresas do Polo e a FPF Tech, pode desenhar programas de testbeds industriais — ambientes reais de experimentação — voltados à manufatura inteligente, novos materiais, reciclagem eletrônica e transição energética. A inovação, nesse contexto, deixa de ser um conceito teórico e se converte em infraestrutura produtiva compartilhada.
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A Indústria 4.0 como instrumento de soberania
O Nobel de 2025 legitima uma tese cara à indústria amazônica: não há soberania sem inovação endógena. A Amazônia não pode depender de tecnologias importadas — precisa produzir conhecimento, patentes e soluções próprias.
A UEA e sua Agência de Inovação, integradas à rede de incubadoras da Anprotec, podem transformar a Indústria 4.0 da ZFM em vitrine da inteligência brasileira, com projetos de automação tropicalizados, software de controle com selo regional e biotecnologias adaptadas às condições amazônicas.
A aplicação local dessas ideias cria um círculo virtuoso: inovação gera produtividade; produtividade gera arrecadação; e a arrecadação sustenta ciência, educação e políticas ambientais. É a própria economia do conhecimento amazônico em movimento.
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O pacto pela inovação compartilhada
Os três agraciados pelo Nobel demonstraram que o crescimento baseado em inovação depende de instituições abertas à mudança e resistentes ao atraso.
Na Amazônia, isso se traduz em cooperação institucional, segundo o reitor André Zogahib, “A UEA, em mutirão permanente com FPF Tech, Anprotec, SUFRAMA, CIEAM, FIEAM e SECTI-AM atuando todos sob um mesmo propósito — podem transformar a base industrial de Manaus em um polo de inovação sustentável e de alta complexidade tecnológica”
Essa convergência precisa ser organizada em torno de projetos com métricas de impacto, fundos de P&D conectados à realidade industrial e planos de capacitação que formem a mão de obra para o futuro.
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O Prêmio Nobel de Economia de 2025 é muito mais que um tributo ao pensamento econômico. É um sinal para a Amazônia: a ciência e a indústria precisam falar a mesma língua.
A UEA por meio da Agência de Inovação, com apoio da FPF Tech e da Anprotec , tem agora o desafio de traduzir essa mensagem em ação – gerando crescimento a partir da inovação e inovação a partir da floresta.
Porque a verdadeira “destruição criativa” que interessa à Amazônia é a que derruba os muros entre o saber e o fazer, entre o laboratório e a fábrica, entre o ideal e o possível.