Relatório global alerta para os impactos dos combustíveis fósseis na saúde pública, apontando danos maiores em comunidades vulneráveis e pressão sobre economias e serviços.
Os combustíveis fósseis representam um risco direto à saúde em todas as fases da vida, desde a gestação até a velhice. Um estudo divulgado pela Global Climate & Health Alliance (GCHA) aponta que poluentes associados ao petróleo, carvão e gás podem causar desde baixo peso ao nascer até doenças como câncer, demência e problemas cardíacos. A pesquisa reuniu mais de 600 evidências científicas, estudos de caso e relatos de comunidades e profissionais de saúde para detalhar os impactos dos combustíveis fósseis na saúde.
O estudo foi impulsionado pelo recorde de emissões de gases de efeito estufa registrado em 2024, quando houve aumento de 0,80% em relação ao ano anterior. A iniciativa partiu da Global Climate & Health Alliance (GCHA), grupo formado por mais de 200 profissionais de saúde, organizações e redes da sociedade civil atuantes em 125 países.

Entre os principais achados, está a maior vulnerabilidade de crianças expostas ainda no útero. Filhos de pais que viveram próximos a áreas de extração de carvão ou gás de xisto apresentaram o dobro de risco de desenvolver leucemia linfoblástica aguda. Também foram identificadas relações entre poluentes fósseis e aumento de casos de Parkinson, diabetes tipo 2, câncer de pulmão, boca, próstata e pele. “Os combustíveis fósseis representam um choque integral para a saúde”, resume a pesquisadora Jennifer Kuhl.
De acordo com os autores, embora 99% da população global respire ar poluído, os danos recaem de forma mais intensa sobre populações vulneráveis, que vivem em “zonas de sacrifício” próximas a áreas de exploração. Os impactos dos combustíveis fósseis na saúde também se refletem em custos sociais e econômicos.
O estudo destaca que, em 2022, os subsídios globais aos combustíveis fósseis chegaram a US$ 7 trilhões, sendo US$ 5,7 trilhões custos indiretos relacionados à saúde, ao clima e à perda de produtividade.
Para a diretora da GCHA, Jeni Miler, a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), é uma oportunidade para que países assumam compromissos claros de transição energética e reduzam a dependência desse modelo.