Falácia da Igualdade Tributária: porque a ZFM não pode ser tratada com a régua do Sudeste

“A ZFM é mais do que uma política fiscal; é uma estratégia nacional que equilibra o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, promovendo justiça social na região mais vulnerável do Brasil.”

Anotações de Alfredo Lopes
__________________________

Coluna Follow-Up

A recente denúncia da Abinee sobre a política fiscal do Amazonas, no contexto da reforma tributária, carece de uma análise mais profunda e equilibrada. Embora a entidade esteja cumprindo seu papel ao defender os interesses de seus associados, é evidente que há um desconhecimento — ou desconsideração — das especificidades e contrapartidas fiscais que fundamentam a economia da Zona Franca de Manaus (ZFM) e sua responsabilidade na redução das profundas desigualdades entre o Norte e o Sul do país.

Perfil de Contrapartida Fiscal da ZFM

A ZFM não é apenas um modelo econômico; é um experimento social e metafísico que tenta equilibrar desenvolvimento e preservação em uma das regiões mais ricas e vulneráveis do planeta. Sua existência fortalece a economia da Amazônia, reduz desigualdades sociais e contribui para a preservação do maior bioma tropical do planeta. 

Desigualdade Estrutural e Logística

Comparar a ZFM com outras regiões sem considerar as profundas desigualdades estruturais é uma falha crítica. O Sudeste concentra aproximadamente 60% dos estabelecimentos industriais do país, enquanto o Amazonas representa apenas 0,6%. Como atribuir às dimensões discretas dessa economia com a locomotiva econômica do Sudeste. Além disso, os desafios logísticos e de infraestrutura na Amazônia são significativamente maiores, impactando diretamente os custos operacionais das empresas locais. Ignorar essas disparidades leva a conclusões equivocadas sobre a competitividade e os supostos prejuízos atribuídos às indústrias de Manaus.

A ZFM é mais do que uma política fiscal; é uma estratégia nacional que equilibra o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, promovendo justiça social na região mais vulnerável do Brasil.

Impactos Econômicos e Sociais da ZFM

A ZFM é responsável por gerar cerca de 500 mil empregos diretos e indiretos, contribuindo com 30% do PIB da Região Norte e representando 50% da arrecadação federal na região. Esses números demonstram que a Zona Franca não é apenas uma zona de produção, mas também uma zona de inclusão e desenvolvimento regional. Ao empregar centenas de milhares de pessoas, o modelo reduz desigualdades históricas e promove estabilidade social.

Sustentabilidade e Serviços Ambientais

Um ponto fundamental que parece ser ignorado nas críticas da Abinee é o papel da ZFM na proteção da floresta amazônica. Ao oferecer oportunidades de desenvolvimento econômico sustentável, a ZFM contribui diretamente para a manutenção da floresta em pé, garantindo serviços ambientais essenciais para o Brasil e o mundo. Os rios voadores são vitais para o agronegócio, os reservatórios das hidrelétricas e do abastecimento de outras regiões. A Amazônia, pois, é uma região estratégica para a segurança hídrica, climática e alimentar do país. Essa proteção não é gratuita, mas um benefício gerado pelo modelo de desenvolvimento sustentável implementado na ZFM.

As réguas da desigualdade 

As críticas da Abinee à Zona Franca de Manaus não se sustentam diante de uma análise criteriosa. Equiparar regiões tão distintas em infraestrutura, economia e impacto ambiental é aplicar uma régua uniforme em realidades profundamente desiguais. A ZFM é mais do que uma política fiscal; é uma estratégia nacional que equilibra o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, promovendo justiça social na região mais vulnerável do Brasil. Reforçamos que qualquer mudança na política tributária deve respeitar essas especificidades, assegurando que a ZFM continue sendo um modelo de desenvolvimento sustentável e integrado à economia brasileira.

alfredo

Coluna follow-up – sob a responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, e coordenação editorial de Alfredo Lopes, é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras no Jornal do Comércio do Amazonas e no portal Brasil Amazonia Agora

Alfredo Lopes
Alfredo Lopes
Alfredo é consultor ambiental, filósofo, escritor e editor-geral do portal BrasilAmazôniaAgora

Artigos Relacionados

Fungos estão virando protagonistas para desenvolvimento sustentável e restauração ambiental na indústria e na ciência

Fungos ganham destaque como solução sustentável para resíduos, plásticos e poluição, abrindo caminhos na restauração ambiental.

Bemol e Denis Minev são finalistas do Prêmio Jaraqui Graúdo 2025 em três categorias

"Denis Minev, que já recebeu o prêmio de Investidor Anjo em...

A Encruzilhada da Agricultura Brasileira: o alimento entre a cura e o envenenamento

“A agricultura brasileira caminha para uma escolha que definirá...

Desmatamento faz espécies na Amazônia desaparecerem antes de serem descobertas

Cientistas alertam que espécies na Amazônia estão sumindo antes mesmo de serem conhecidas devido ao avanço do desmatamento.