Este cara está fazendo hortas em estacionamentos — e uma grande empresa está bancando

Quase 60% de todas as hortaliças produzidas no Brasil vão parar no lixo, segundo a Embrapa. Acontece que, da roça até o consumidor, elas passam por uma jornada que pode levar até quatro dias, estragando dentro dos caminhões ou murchando nas gôndolas dos supermercados.

Quando chegam na mesa do consumidor, boa parte também já perdeu o sabor original.

Giuliano Bittencourt está tentando resolver esse problema com a BeGreen, uma das primeiras redes de fazendas urbanas da América Latina.

“Não precisamos aumentar a produção para atender a demanda por esses produtos.

O que precisamos é produzir a comida perto de onde as pessoa consomem e reduzir o desperdício,” Giuliano disse ao Brazil Journal.

As fazendas da BeGreen são construídas no meio das cidades, normalmente dentro do estacionamento de shoppings, e o cultivo é feito sem uso de agrotóxicos e na água, em vez de terra.

A BeGreen desenvolveu um software que analisa as condições ideais de plantio para cada região e estação do ano e faz os ajustes automaticamente.

Controlando todos os fatores que fazem uma planta crescer — luz, temperatura, umidade, condutividade e o pH da água — as fazendas da startup conseguem uma produtividade até 28x maior que uma fazenda tradicional.

Hoje, a BeGreen tem três fazendas de 1,5 mil metros quadrados cada: duas dentro de shoppings da Aliansce Sonae (no Boulevard, em Belo Horizonte, e no Via Parque, no Rio), e a terceira dentro de uma fábrica da Mercedes-Benz em São José dos Campos.

Agora, a BeGreen acaba de fechar sua primeira captação externa com a própria Aliansce, que está investindo R$ 15,5 milhões na startup.

Com os recursos, a BeGreen vai abrir mais oito fazendas dentro dos shoppings da Aliansce, e outra de 10 mil m² próxima ao Ceagesp, em São Paulo.

Fundada em 2016, a BeGreen começou vendendo suas verduras e legumes apenas para restaurantes. Com a pandemia, teve que se adaptar: criou um clube de assinaturas e começou a entregar direto na casa do consumidor. Hoje, o modelo B2C já responde pela maior parte da receita.

A assinatura mensal, que dá direito à entrega de um kit por semana com diversos tipos de verduras, sai por R$ 42,50. Se o cliente quiser incluir legumes no pacote, o preço sobe para R$ 64,50. Quer frutas? Paga R$ 94,50.

A BeGreen está entregando mais de 6 mil boxes por mês para cerca de 1,5 mil assinantes.

Giuliano diz que a startup não vende em supermercados para reduzir ao máximo o desperdício (que hoje é de apenas 2% na empresa) e para controlar a qualidade dos produtos.

Nos shoppings em que se instala, a BeGreen também coloca um restaurante, um hortifruti e organiza visitas guiadas às instalações, o que acaba atraindo um público novo. Segundo a Aliansce, as duas primeiras fazendas geraram um aumento de 25% no fluxo de clientes.

Formado em administração pública, Giuliano trabalhou por dois anos no Governo de Minas, onde ajudou a criar um programa de aceleração de startups.

Foi quando fez um curso no MIT e conheceu pela primeira vez o conceito de fazendas urbanas, que já é comum na Europa e nos Estados Unidos.

Empresas como a Gotham Green, Bright Farm, Plenty e Aerofarms já abriram dezenas de fazendas urbanas, levantando rodadas multimilionárias.

A Plenty, por exemplo, que opera fazendas urbanas e verticais nos EUA, levantou US$ 200 milhões recentemente numa rodada liderada pelo Softbank com a participação da Bezos Expeditions, do fundador da Amazon.

No Brasil, a BeGreen foi uma das primeiras empresas privadas a entrar neste mercado, mas algumas ONGs já trabalham com o conceito de fazendas urbanas há alguns anos. É o caso da Cidades sem Fome, que já tem 27 hortas em São Paulo com 8,5 mil m² cada.

Fonte: Brazil Journal

Redação BAA
Redação BAA
Redação do portal BrasilAmazôniaAgora

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