Superando desafios pessoais, Débora Ávila escolheu ser brigadista e hoje enfrenta as chamas que tomam o Pantanal brasileiro e inspira com sua história de coragem e dedicação na luta contra os incêndios na Serra da Bodoquena.
Enquanto o vento atiçava as chamas na Serra da Bodoquena, em Corumbá, Mato Grosso do Sul, Débora Ávila, uma brigadista dedicada, refletia sobre sua vida. Os incêndios que devastavam o Pantanal não apenas reacenderam seus medos, mas também fortaleceram seu propósito. Enfrentando a missão mais desafiadora de sua carreira, Débora, movida pela coragem e por ideais, combate o fogo na região pantaneira, onde as condições climáticas adversas tornam seu trabalho ainda mais importantes e difíceis.
A tragédia pessoal impulsionou Débora a seguir o caminho dos brigadistas. Após a perda de seu filho de apenas cinco meses, que sofria de síndrome de Edward e teve sua vida encurtada pela fumaça das queimadas, ela decidiu dedicar-se a proteger outras vidas. “A queima do Pantanal impediu que ele ficasse mais tempo comigo. Hoje trabalho por outras pessoas“, explicou Débora, que encontrou na profissão de brigadista uma nova razão para viver.
Um novo caminho
Débora sempre trabalhou duro. Desde a adolescência, vendia salgados com a avó, trabalhou como empregada doméstica, gari e servente de obra. Em 2020, após a morte do filho e enfrentando a depressão, ela decidiu se inscrever na seleção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Superando os rigorosos testes físicos, tornou-se a única mulher em um grupo de 45 brigadistas. “Eu amo ser brigadista. É um trabalho em que me encontrei e sou feliz.”
Com apenas 1,60 metro de altura, Débora demonstra uma determinação gigantesca. O apoio do marido, que inicialmente estranhou sua escolha, agora é essencial: “Vai lá, minha vida”, diz ele quando ela parte para o trabalho. Vestindo sua gandola e capacete, Débora está pronta para enfrentar as chamas a qualquer hora do dia ou da noite.
Desafios no Pantanal
A gestora ambiental do Ibama, Thainan Bornato, ressalta a importância dos brigadistas, especialmente em um ano marcado pela maior seca das últimas quatro décadas. “A escassez de chuvas e a antecipação da seca tornaram o trabalho ainda mais crucial”, explica Thainan. Desde o ano passado, 145 brigadistas foram contratados, incluindo cinco brigadas indígenas e uma de pronto-emprego em Corumbá.
Thainan se emociona ao falar sobre Débora, destacando que sua história motiva outras pessoas. “Ela não é apenas alguém que combate fogo, mas uma profissional que inspira.” Débora, que interrompeu os estudos na sétima série para trabalhar, agora sonha em voltar a estudar e, um dia, cursar gastronomia. “Tive que parar os estudos para trabalhar. Agora, quero concluir o ensino fundamental. Quem sabe um dia fazer uma faculdade de gastronomia.”
O trabalho em equipe e a colaboração são essenciais para Débora. Em meio ao trabalho árduo, ela encontra tempo para jogar futebol com os novos amigos brigadistas, lembrando-se do sonho de ser atleta aos 16 anos. Em dias de trabalho intenso, ela deve estar pronta para ser transportada de helicóptero para áreas isoladas e enfrentar o fogo de frente. “Tenho orgulho de ser mulher e estar nessa luta por mim e por muita gente.”
A missão de conscientizar
Além de combater incêndios, Débora entende a importância da educação ambiental e da prevenção. “Imagino sempre que pode ter crianças ou idosos com problemas de respiração por causa dessas queimadas. Sei que há outras pessoas passando pelo mesmo que eu sofri.” A história de Débora serve como exemplo e inspiração, mostrando que a determinação e a coragem podem transformar tragédias pessoais em missões de vida.
Débora Ávila, com sua determinação e coragem, personifica a luta contra os incêndios no Pantanal. Sua trajetória é um testemunho de resiliência e inspiração, destacando a importância dos brigadistas na proteção de um dos biomas mais preciosos do Brasil. “Tenho orgulho de ser mulher e estar nessa luta por mim e por muita gente”, afirma Débora, que encontrou na profissão de brigadista um novo propósito e um meio de honrar a memória de seu filho.
Com informações da Agência Brasil
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