COP30: impulsionando o progresso e a logística da Amazônia

“A oportunidade da COP30 na Amazônia vai para além de encontros financeiros ou focados em ganhar dinheiro ou subordinar outros países, distante do objetivo ambiental ou da cooperação internacional, e precisa estar ancorada em uma logística da Amazônia que conecte sustentabilidade, soberania e integração global.”

Como é cara a logística da Amazônia. Estamos distantes de uma infraestrutura perfeita e com uma enormidade de oportunidades. A realização da Cop30 em Belém, em meio a esta realidade é uma oportunidade única para o país e para o mundo de se aproximarem de uma região onde faltam muitas realizações do mundo contemporâneo, mas é abundante em natureza, harmonia das pessoas e potenciais de desenvolvimento.

A região não é para olhares de altas expectativas. A região é moldada para olhares simples, que veem o belo na natureza, que veem a oportunidade em meio à pobreza, que acreditam que a inteligência não vinculação com a conta bancária ou apenas com a formação acadêmica avançada. A oportunidade da Cop30 na Amazônia vai para além de encontros financeiros ou focados em ganhar dinheiro ou subordinar outros países, longe do objetivo ambiental ou da cooperação internacional.

Muitos dos países estão apodrecendo por dentro e com lideranças populistas, que visam interesses de multinacionais ou de pequenas minorias endinheiradas. Outros tantos buscam o equilíbrio em uma administração para todos. Outros buscam oportunidades. Com a diversidade que temos no mundo, o embate diplomático entre interesses maiores ou menores será sempre um desafio, quando se chega em um palco global. O ambiente amazônico é muito propício para uma nova construção. Conseguiremos?

logistica da Amazônia
Foto divulgação

A proposta de passar a conta de hospedagem para o Brasil já demonstra a má vontade de muitos países. A dificuldade de hotéis e onde ficar pode ganhar uma conotação negativa ou positiva, dependendo do olhar de cada um. Por um lado, mostrará ao mundo a dificuldade que é estar na Amazônia. Até nós, brasileiros, temos dificuldade de compreender a região – imagine um estrangeiro.

Um encontro será o resultado do esforço de abordagem de todos. A boa ou má vontade de cada um dos participantes resultará ao final de um reconhecimento dos desafios das áreas periféricas ou poderá levar a um olhar soberbo e imperialista, desprezando o meio ambiente e os grandes desafios de nosso país. No nosso próprio olhar, calibraremos como queremos ser vistos no mundo, pois as nossas autoavaliações influenciarão como os demais nos veem. Temos alegria e harmonia pela pouca infraestrutura ou isso será um elemento de vergonha, com um “desculpe a bagunça”, atolado na certeza de que deveríamos cuidar melhor da Amazônia?

Entre 2019 e 2024 as Conferências foram realizadas em Madrid (Espanha), Glasgow (Escócia/Reino Unido), Sharm el-Sheikh (Egito), Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Baku (Arzeibajão). Não há país igual ao outro e será muito importante implantar a brasilidade em Belém e permitir que os Estados vizinhos, como o Amazonas, Amapá e Maranhão sejam também pontos de apoio para antes, durante e depois do evento. Será que teremos esta capacidade institucional de enfrentar tantos desafios em um palco global?

Augusto Rocha
Augusto Rocha
Augusto Cesar Barreto Rocha é professor da UFAM

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