COP 30, Indústria, Sustentabilidade e Mobilização para proteger a Amazônia

Por Rildo Silva
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A Amazônia, um bioma que que todo país gostaria de chamar de seu, será o epicentro do debate climático mundial durante a COP 30, em Belém. Essa não é apenas mais uma conferência sobre mudanças climáticas; é a chance de mudar o curso da história. Não podemos nos dar ao luxo de transformar esse evento em um espetáculo pleno de boas intenções, recheado de discursos, mas vazio de ações. É imperativo que a COP 30 seja um marco, um ponto de inflexão que traga respostas concretas ao colapso ambiental iminente que nos desafia.

Por que a preparação para essa conferência deve ser tratada com o mais alto nível de seriedade? Porque a Amazônia não é apenas nossa, mas é fonte de benefício para todos. Ela regula o clima global, abriga mais de 10% da biodiversidade do planeta e desempenha um papel vital na captura de carbono. Apesar disso, ainda é explorada de forma irresponsável, tratada muitas vezes como um almoxarifado inesgotável de recursos naturais.

Realizar a COP 30 na Amazônia é muito mais que um gesto simbólico; é um chamado à responsabilidade global. Bilhões de toneladas de gases de efeito estufa foram capturados ao longo de séculos pela fotossíntese das árvores amazônicas. Em troca, o que temos? Uma floresta constantemente ameaçada pela exploração predatória e pelas chamas do desmatamento. A realização da COP 30 em Belém nos oferece a oportunidade de dizer: basta! Basta de negligência, basta de retórica vazia. Agora é hora de agir.

Mas agir exige preparação. E essa preparação deve ser robusta, estratégica e conectada com a realidade dos desafios que enfrentamos. Precisamos de metas claras e ambiciosas. Como bem destacou a ministra Marina Silva, não podemos transformar essa COP em uma festa, mas sim em uma plataforma de resultados.

Prioridades para a COP 30

A lista de prioridades é vasta, mas algumas são inegociáveis. A preservação da floresta é o ponto de partida. Isso significa zerar o desmatamento ilegal e adotar medidas efetivas para a recomposição florestal. É preciso que os países mais poluidores assumam sua parcela de responsabilidade, financiando projetos que garantam a integridade da floresta. Não se trata de caridade, mas de justiça climática.

PROTEGER A Amazônia

Além disso, a transição energética deve ser acelerada. Estamos atrasados em relação às metas necessárias para conter o aumento da temperatura global. A indústria, incluindo o setor eletroeletrônico de Manaus, pode integrar esse movimento, identificando soluções tecnológicas sustentáveis que gerem empregos e promovam a economia da floresta em pé.

E há um terceiro pilar: a bioeconomia. A Amazônia é um laboratório vivo de inovação. Startups locais podem criar modelos que unam sustentabilidade e geração de renda, mas isso exige investimento. É fundamental que a COP 30 seja um espaço para apresentar essas ideias e atrair recursos internacionais.

Justiça climática e liderança brasileira

A justiça climática deve estar no centro das discussões. Os povos indígenas, ribeirinhos e comunidades locais, que há séculos cuidam da floresta, precisam ter suas vozes amplificadas. São eles que, diariamente, enfrentam os impactos das mudanças climáticas e as ameaças à sua sobrevivência. Ignorá-los é perpetuar uma injustiça histórica.

O Brasil, como anfitrião, tem a responsabilidade de liderar pelo exemplo. É hora de mostrarmos ao mundo que é possível conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Não se trata de abrir mão do crescimento, mas de encontrar caminhos que respeitem a floresta e seus habitantes.

Mais ação, menos badalação 

Que a COP 30 seja lembrada não pelas festas, mas pelos resultados. O slogan que nos guiará deve ser este: mais ação, menos badalação. Não há mais espaço para discursos sem consequências. Precisamos sair de Belém com compromissos firmes, metas definidas e um plano de ação global que respeite a Amazônia e todos os ecossistemas que sustentam a vida no planeta.

A COP 30 na Amazônia  é uma conferência transformada em convite à humanidade. É um apelo para que olhemos para o futuro com responsabilidade e coragem. Que possamos, juntos, transformar esse evento em um marco histórico, um verdadeiro pacto pela vida. Afinal, a Amazônia é mais do que uma floresta; ela é o coração pulsante do mundo. E cabe a nós protegê-la.

Rildo Silva, empresário, engenheiro e presidente do SINAEES e membro da Comissão ESG do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.
Rildo Silva
Rildo Silva
É empresário e presidente do SINAEES – Sindicato da Indústria de Aparelhos EletroEletrônicos e Similares e membro da Comissão ESG do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.

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