Foto: Cristyellen Marques
Alfredo MR Lopes (*) [email protected]
Para um observador mais atento, os debates da COP 25, a Conferência do Clima em Madri, terminada de qualquer jeito no último fim de semana, não passaram de um tremendo “faz de conta que estamos falando sério!”, tal a capacidade coletiva de deixar o dito pelo não dito. Isso significa que não devemos esperar novos avanços de propósitos daqueles que buscaram, objetivamente, o entendimento em favor da Terra, da saúde do Planeta, com a ruptura deste modelo predatório de nossa civilização. Aqui, no nosso quintal amazônico, se não nos mobilizarmos de forma organizada, teremos que nos curvar a novos acordos que, mais uma vez, de cima pra baixo, vão nos fazer adiar nossos interesses de sobrevivência e prosperidade. Só nos resta uma saída: trabalhar!
Infinitas saídas
Isso significa que precisamos aclarar para nós mesmos o caminho a seguir. Quem somos, o que queremos alcançar e que Utopia queremos antecipar. E para definir os instrumentos de que dispomos é preciso relembrar nossas possibilidades. Qual é a vocação viável de negócios da Amazônia ? Além dos avanços do Polo Industrial de Manaus – um programa de desenvolvimento que deu certo – esta pergunta não tem apenas uma resposta por uma razão muito simples: são infinitas as perspectivas da floresta, de seu subsolo e de seus serviços ambientais. Tudo será viável se tivermos massa crítica qualificada, capacidade gerencial e boas parcerias. Para se ter uma ideia, pouco mais de 5% do banco de germoplasma foi para os laboratórios. Por isso, na ótica da Bioeconomia, dos recursos geológicos e minerais, energéticos… etc., poderíamos escrever bibliotecas físicas e digitais impensáveis sobre a região.
Fóruns de startups e de oportunidades
E é com esta premissa que temos sido palco de diversos eventos exploratórios, desde o Fórum de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis na Amazônia, há um ano, sob a coordenação do Idesam, e um amontoado de parceiros, patrocinadores e expositores atuantes na região. Depois, vieram diversos eventos na área de Turismo, Inovação Tecnológica é setor Agropecuário, para desembarcar na II Feira do Polo Digital de Manaus e na I fesPIM, evento vitrine do que está sendo feito nos diversos segmentos. Só falta juntar entusiasmo e despedir vaidades, além, é claro, de lutar para que os recursos gerados para promoção do desenvolvimento e inovação tecnológica sejam aplicados de acordo com a Lei.
Moedas verdes
Quando falamos em inovação, queremos afirmar tão somente que é possível criar espaços de novas respostas para velhos problemas. E as estatísticas revelam que, a despeito da crise, nunca foi tão graticante vivenciar a Amazônia, degustar seus sabores, aspirar seus aromas, viajar em seus encantos e formatação criativa de novos negócios, de seu fantástico patrimônio natural. O termo Bioeconomia ganha status de negócio inovador e os serviços ambientais viram moedas verdes nos empreendimentos climáticos abençoados pelas grandes corporações a procura de imprimir o impacto positivo de uma economia de maos dadas com a ecologia e a proteção do planeta.
Impactos sociais
Explodem startups na floresta como gases do contraponto ao efeito estufa que se materializam em novas oportunidades. E é exatamente esta a premissa robusta de nossa resposta ao faz de conta climático local. Temos que debater com as mangas arregaçadas, implantando, promovendo e premiando os Negócios Sustentáveis da Amazônia. Um momento único de diálogo em cima do concreto, do movimento inadiável da mudança, da troca entre as startups, coletivos empreendedores, inovadoras amazônicas e mobilizando os potenciais investidores, nacionais e internacionais. Trata-se de uma trilha inovadora sem volta do sentido e do alcance das iniciativas sociais associadas aos investimentos de impacto na região mais cobiçada pelo imaginário da humanidade e dos investidores.
(*) Alfredo é filósofo e ensaísta.
Comentários