Com foco em gases como metano e óxidos nitrosos, plano chinês amplia escopo da redução de emissões e pode definir os rumos do Acordo de Paris.
A China anunciou um novo compromisso climático com potencial de moldar o futuro das emissões globais. Em discurso na Cúpula do Clima da ONU, o presidente Xi Jinping revelou que o país pretende reduzir entre 7% e 10% de suas emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, tomando como base seu pico máximo — previsto para ocorrer até o fim desta década.

Com cerca de um terço das emissões globais, a China é hoje o maior emissor de gases poluentes do planeta. Segundo o Asia Society Policy Institute, o país foi responsável por 90% do crescimento das emissões de CO₂ no mundo desde 2015. Por isso, o rumo da redução de emissões chinesa pode influenciar diretamente o sucesso do Acordo de Paris.
O novo plano está detalhado na atualização da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) chinesa, documento obrigatório para todos os signatários do Acordo de Paris. Pela primeira vez, a meta do país inclui não só o CO₂, mas também outros gases como metano e óxidos nitrosos, com metas vinculadas ao avanço de fontes limpas até 2035.

Especialistas divergem sobre o nível de ambição do compromisso. Há quem considere a redução insuficiente para conter o aquecimento global abaixo de 2 °C ou 1,5 °C. Outros argumentam que reduzir emissões além do CO₂ é mais complexo e que o corte anunciado representa um avanço relevante, especialmente se for superado ao longo do tempo.
A trajetória de redução de emissões tem histórico de superação. Em 2024, o país cumpriu com seis anos de antecedência sua meta de instalar 1.200 gigawatts em energia solar e eólica, o que fortalece a confiança de que os compromissos climáticos podem ser ampliados nos próximos anos.
Para pesquisadores, o mais importante é o volume total de poluentes evitado ao longo do tempo. E, nesse cenário, o impacto da redução de emissões pode ser decisivo. Segundo estimativas, o país terá que cortar um volume de gases equivalente a três vezes a descarbonização completa do Reino Unido, nos próximos dez anos, para alcançar a meta proposta.
