Relatório revela como investimentos de grandes bancos favorecem a expansão fóssil na América Latina, ameaçando a Amazônia e o cumprimento das metas climáticas globais
Um relatório recente mostra como bancos globais abastecem a expansão fóssil na América Latina e no Caribe, apesar das metas mundiais de descarbonização. Entre 2022 e 2024, bancos como Santander, JPMorgan e Citigroup movimentaram aproximadamente US$ 129 bilhões para projetos de petróleo e gás na região.
A pesquisa, intitulada The Money Trail Behind Fossil Fuel Expansion in Latin America and the Caribbean, foi conduzida por organizações de diferentes países. Entre elas, o Instituto Internacional Arayara, do Brasil, e a Urgewald, da Alemanha. Durante sete meses, os pesquisadores rastrearam 190 companhias de 42 países, ligadas à exploração de novas reservas e à construção de dutos, plataformas e outras infraestruturas fósseis.
O estudo aponta que 6.400 investidores institucionais concentram juntos US$ 425 bilhões em ações e títulos de empresas do setor, mantendo um fluxo de recursos que avança sobre áreas de alta sensibilidade socioambiental, como territórios indígenas e ecossistemas amazônicos.
No Brasil, a Petrobras desponta como protagonista no recebimento de recursos. A empresa é responsável por 29% da expansão de exploração de petróleo, com 54% dos recursos de empresas internacionais.

A maior parte dos empreendimentos envolve tecnologias de alto impacto, como perfuração em águas ultraprofundas e o uso de fraturamento hidráulico, os quais correspondem a 77% das novas frentes de produção. Globalmente, quase 60% da expansão em águas ultraprofundas está concentrada na América Latina.
Segundo os dados, as petroleiras objetivam adicionar 25 bilhões de barris de óleo, o que poderia liberar até 10 gigatoneladas de CO₂ — o equivalente a 7,7% do orçamento global de carbono restante para manter o aquecimento dentro do limite de 1,5°C, estabelecido pelo Acordo de Paris.
Embora alguns bancos tenham compromissos para proteger a Amazônia, o relatório indica que tais medidas são insuficientes, pois não limitam o financiamento de empresas que operam na região. A expectativa é de que o tema da expansão fóssil na América Latina entre em pauta na COP30, marcada para novembro, em Belém.
