Nível de aquecimento reforça impactos das mudanças climáticas e reforça necessidade de redobrar esforços para conter aumento da temperatura global
O conjunto recente de eventos climáticos extremos em série, como o furacão Helene no leste dos Estados Unidos, a estiagem intensa no Brasil e os incêndios devastadores no Canadá reacenderam debates sobre os impactos das mudanças climáticas no planeta. O novo relatório Estado do Clima 2024, produzido por uma equipe internacional de cientistas, é mais um alerta grave sobre a intensificação dessa crise. Segundo ele, no cenário atual, mesmo que os governos cumpram metas de emissões de gases causadores de efeito estufa, o mundo pode permanecer no caminho para um aumento da temperatura global de aproximadamente 2,7 graus Celsius (°C) até 2100, quase o dobro da meta de 1,5°C do Acordo de Paris.
Apesar de avisos em relação ao aquecimento global previstos por cientistas e até empresas, ainda estamos indo na direção errada: as emissões de combustíveis fósseis atingiram um nível recorde e os três dias mais quentes já registrados ocorreram em julho de 2024. Nos encontramos em meio a uma reviravolta climática abrupta, uma situação crítica nunca antes enfrentada na história.
Protagonistas do aumento da temperatura global
As emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem e outros gases de efeito estufa são os principais impulsionadores dessas mudanças climáticas. Em 2022, a queima de combustíveis fósseis e os processos industriais globais foram responsáveis por aproximadamente 90% dessas emissões, enquanto a mudança no uso da terra, principalmente o desmatamento, representou cerca de 10%. Embora o uso de energias eólica e solar tenham crescido rapidamente, o de combustíveis fósseis ainda é 14 vezes maior.
Além disso, o desmatamento em regiões críticas, como a Amazônia, diminui a capacidade do planeta de absorver carbono de forma natural, contribuindo para um aquecimento extra. Isso estabelece um ciclo onde o aumento da temperatura leva à morte de árvores, o que, consequentemente, eleva a temperatura global.
Para a COP-29, que acontecerá no Azerbaijão de 11 a 24 de novembro, o relatório Estado do Clima reforça a necessidade de líderes mundiais e diplomatas redobrarem os esforços para conter o cenário de aquecimento e emissão de gases em níveis preocupantes. Sem políticas muito mais fortes, as mudanças climáticas continuarão a se agravar, trazendo consigo mais frequentes e extremas condições climáticas.
Soluções climáticas naturais, como reflorestamento e recuperação de solos, são exemplos de medidas tidas como essenciais pelo documento para elevar a quantidade de carbono retido na madeira das árvores e no solo. Tais iniciativas devem ser reforçadas com a proteção de áreas vulneráveis a incêndios florestais e períodos de seca.
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