“A COP 30 será a maior vitrine climática da história da Amazônia. A Zona Franca de Manaus — frequentemente caricaturada e subestimada — precisa deixar a concha da defensiva e mostrar ao mundo que já é o maior programa de sustentabilidade tropical em curso no planeta”
Coluna Follow-Up
A indústria da floresta em marcha para Belém
Há décadas, a Zona Franca de Manaus foi empurrada para a condição de ostra: silenciosa, retraída, confinada ao fundo escuro das estatísticas tributárias.
A cada ciclo de debate nacional, é atacada como “gasto”, “renúncia” ou “privilégio”. Poucos ousaram exibir, com altivez, o que de fato significa esse modelo para o Brasil e para o planeta.
“O brilho da Zona Franca não está no luxo, mas no serviço silencioso que presta ao país.”
É chegada a hora de virar pavão.
Não por vaidade vazia, mas por imperativo estratégico. O senador Eduardo Braga, que desde 1989 carrega o compromisso público de defender o modelo, afirmou recentemente que a Zona Franca precisa abrir suas asas de legitimidade e deixar a concha da defensiva.
O brilho desse pavão está no fato de que 97% da floresta do Amazonas permanecem em pé, custeados por uma política fiscal que remunera o capital privado e devolve ao Estado brasileiro um ativo ambiental inestimável.
O custo invisível da floresta
Se o Brasil tivesse que pagar, no mercado internacional de carbono, o que a floresta do Amazonas já oferece graciosamente, a conta seria monumental.
Em 2023, o Amazonas reduziu o desmatamento em 1.041 km², o que corresponde a 31 milhões de toneladas de CO₂ evitadas — considerando apenas a biomassa acima do solo.
Isso equivaleria a €2,2 bilhões no mercado europeu de carbono (EU ETS, €71/tCO₂) ou US$220–280 milhões nos mercados voluntários globais.
Essa é a contraprestação ambiental já internalizada pelo Brasil via Zona Franca de Manaus, e que, sem esse modelo, teria de ser paga em caixa.
Os rios voadores, a reposição hídrica dos reservatórios e a hidratação agrícola do Centro-Oeste são frutos desse equilíbrio invisível.
A floresta é o ativo climático que o Brasil ainda não aprendeu a contabilizar.

Da caricatura ao protagonismo
A caricatura da DGT – Demonstrativo dos Gastos Tributários da Receita Federal, tem transformado a Zona Franca como uma despesa que precisa ser confrontada com dados, altivez e visão estratégica.
Com um grave equívoco. Não se trata de gasto tributário.
Trata-se de investimento climático, social e federativo, que financia diariamente o maior serviço ambiental do planeta tropical.
O pavão da Amazônia não abre suas asas por vaidade, mas por dever histórico: defender o pacto federativo, a justiça climática e a corresponsabilidade entre Norte e Sul, floresta e indústria, natureza e nação.
10 Razões ESG para o Polo Industrial de Manaus ocupar seu assento na COP30 da Amazônia
Já somos o maior case de economia baseada na maior planta industrial verde do planeta.
A Zona Franca prova que desenvolvimento e floresta em pé são compatíveis. Reduz milhões de toneladas de CO₂ e sustenta mais de meio milhão de empregos diretos e indiretos.
Financiamos ciência e inovação amazônica
Do INPA à UEA, do IDESAM às startups, o Polo é fonte de recursos para pesquisa aplicada, bioeconomia e tecnologia de baixo carbono.
A transição energética começa aqui
Projetos de biocombustíveis, energia solar e hidrogênio verde já estão sendo testados no território. A Amazônia não é periferia da transição, é seu laboratório natural.
Somos parte da solução climática
A indústria legal da floresta é a trincheira contra a economia ilegal. Cada emprego formal é uma renovação da árvore em pé.
O compliance amazônico é ESG por natureza
Empresas do PIM operam sob as mais rígidas normas ambientais e trabalhistas. Sustentabilidade é governança.
A COP 30 é vitrine, não auditório
É hora de ocupar a cena, apresentar resultados, métricas e compromissos. A Amazônia industrial tem muito a ensinar.
Aqui ESG é DNA, não aparência cosmética
A Zona Franca pratica sustentabilidade há 58 anos. Foi ESG antes do ESG existir.
O capital verde busca territórios de confiança
Fundos climáticos e investidores buscam transparência e rastreabilidade. O Polo Industrial pode ser o porto seguro da confiança amazônica.
A floresta e seus povos são parceiros de futuro
A COP é encontro de saberes. A indústria deve se apresentar como aliada das comunidades tradicionais e indígenas na nova economia da sociobiodiversidade.
Quem não fala é falado
Silêncio é omissão estratégica.
É hora de falar, mostrar, exibir — com dados, ética e orgulho amazônico.
A hora do pavão da sustentabilidade
O CIEAM, por meio da Comissão ESG, propõe uma ocupação propositiva e científica da COP 30.
A Amazônia não precisa de discursos de salvação, mas de demonstrações práticas de que a indústria sustentável da floresta já existe — e que o Brasil pode liderar o planeta se aprender a imitá-la, não a ignorá-la.
“A ostra começa a aprender o quanto é justo entregar suas pérolas para ornar a elegância e o glamour do pavão florestal amazônico.”
A COP 30 é a passarela da verdade climática.
E a Zona Franca de Manaus — essa indústria da floresta — é o pavão da sustentabilidade tropical que o Brasil precisa exibir ao mundo.
Razões adicionais:
Fato climático
31 milhões de toneladas de CO₂ evitadas em 2023 equivalem a R$ 12 bilhões em créditos de carbono, se precificados no padrão europeu.
Fato econômico
O Polo Industrial de Manaus responde por 30% do PIB da Região Norte e sustenta 97% da floresta do Amazonas em pé.
Fato simbólico
A Zona Franca é o pavão da sustentabilidade brasileira. E Belém, na COP 30, será seu palco de afirmação histórica.