Tripla crise planetária nos oceanos ameaça biodiversidade e comunidades costeiras

Do degelo polar ao avanço da poluição plástica no Atlântico Sul, a tripla crise planetária nos oceanos já ameaça o equilíbrio climático e a segurança alimentar global.

Todos os oceanos do planeta já sofrem os impactos simultâneos de três grandes ameaças: o aquecimento global, a perda de biodiversidade marinha e a poluição, segundo a nova edição do relatório Estado do Oceano, divulgado pelo programa Copernicus da União Europeia. O estudo, elaborado por mais de 150 especialistas internacionais, revela que nenhum ecossistema marinho permanece intocado diante da chamada tripla crise planetária nos oceanos.

Praia coberta por lixo plástico, exemplo visível da tripla crise planetária nos oceanos.
Foto: Stephanie Bidouze/Canva.

A temperatura média da superfície do mar atingiu 21 °C em 2024, estabelecendo um novo recorde. Embora a variação pareça modesta, os efeitos sobre os ecossistemas são profundos e abrangem desde colapsos pesqueiros até o desaparecimento de espécies. Áreas como o Atlântico Tropical Norte enfrentaram mais de 300 dias consecutivos de calor extremo, o que já provoca perdas socioeconômicas em comunidades costeiras.

O Brasil figura como um dos países em situação crítica. A costa atlântica apresenta aquecimento acima da média global e o país lidera a contaminação plástica dos oceanos nas Américas, agravando a poluição no Atlântico Sul. Estudos apontam que resíduos plásticos oriundos de todos os continentes já foram detectados em todas as bacias oceânicas.

Na América Latina, a posição brasileira é especialmente preocupante, com impactos diretos sobre os corais da costa leste sul-americana e do Caribe. No Pacífico, regiões altamente produtivas encolheram mais de 25% desde 1998, comprometendo algumas das pescarias mais ricas do planeta e colocando em risco a segurança alimentar de milhões de pessoas.

Gelo marinho em retração na Antártida, efeito da tripla crise planetária nos oceanos.
O degelo acelerado na Antártida evidencia os impactos do aquecimento global sobre os oceanos. Foto: Arquivo/Ana Nascimento/Agência Brasil.

O relatório também alerta para o avanço da acidificação marinha, que ameaça organismos essenciais como corais e moluscos, afetando toda a cadeia alimentar. Além disso, o documento chama atenção para o degelo acelerado nas regiões polares. No Ártico, a extensão do gelo marinho foi quase 2 milhões de km² menor que a média, enquanto a Antártida registra retração significativa pelo terceiro ano consecutivo. O nível médio do mar já subiu 228 mm desde 1901, com tendência de aceleração.

Para reforçar o monitoramento, foi lançado o Barômetro Estrela-do-mar, novo indicador atualizado anualmente. A ferramenta pretende auxiliar na formulação de políticas públicas diante do crescente desequilíbrio ambiental e da urgência de se enfrentar a tripla crise planetária nos oceanos.

Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu é jornalista e mestre em Comunicação. Especialista em jornalismo digital, com experiência em temas relacionados à economia, política e cultura. Atualmente, produz matérias sobre meio ambiente, ciência e desenvolvimento sustentável no portal Brasil Amazônia Agora.

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