A troca dos microplásticos em cosméticos por materiais mais sustentáveis contribui diretamente para a redução da poluição causada pelo material no meio ambiente
Uma abordagem eficaz para mitigar a crise global de poluição por microplásticos não degradáveis é substituir os plásticos por materiais degradáveis, que possuam propriedades adequadas para aplicações específicas. Pensando nisso, pesquisadores do MIT desenvolveram um material biodegradável que pode revolucionar a indústria de cosméticos ao substituir as microesferas plásticas em produtos de beleza. Diferente dos microplásticos, esses polímeros se decompõem em açúcares e aminoácidos, substâncias inofensivas ao meio ambiente, contribuindo para a redução da poluição causada pelo material convencional.
Além de substituir microplásticos em cosméticos, os polímeros biodegradáveis do MIT têm aplicações promissoras em alimentos. Eles podem ser usados para encapsular nutrientes, como a vitamina A, e enriquecer alimentos com vitaminas e minerais, oferecendo soluções sustentáveis para diversas indústrias.
“Ao lidar com os microplásticos, é fundamental tanto limpar a poluição existente quanto criar materiais que não gerem mais microplásticos no futuro”, afirmou Ana Jaklenec, pesquisadora principal no Instituto Koch para Pesquisas Integrativas sobre o Câncer, do MIT. O trabalho foi liderado por Linzixuan Zhang, doutoranda em engenharia química no instituto, e publicado na revista Nature Chemical Engineering no último dia 06.
Potencial do substituto dos microplásticos em cosméticos
Para o estudo, pesquisadores do MIT escolheram os poli(beta-amino ésteres), polímeros biodegradáveis já estudados no laboratório do instituto, como base para o desenvolvimento do novo material. Esses polímeros podem ser ajustados para diversas aplicações modificando sua composição química, incluindo características como resistência mecânica e sensibilidade ao pH. Após testar cinco variações, os cientistas identificaram um composto ideal, com a capacidade de se dissolver em ambientes ácidos, como o estômago, ampliando seu potencial de aplicação.
Em produtos de limpeza, os polímeros do MIT demonstraram melhorar significativamente a eficiência de limpeza de produtos de enxágue e remover eficazmente elementos potencialmente tóxicos, apresentando-se como uma boa alternativa aos tradicionais microplásticos em cosméticos. Além disso, absorvem melhor metais pesados, comparados às microesferas de polietileno usadas atualmente.
Na fortificação de alimentos, os polímeros forneceram proteção robusta para múltiplas vitaminas e minerais essenciais, mesmo sob condições rigorosas de cozimento e armazenamento, com liberação rápida de nutrientes em um sistema simulado de digestão humana. Para demonstrar o uso prático do material biodegradável, os pesquisadores do MIT encapsularam nutrientes em cubos de caldo, um alimento básico na África Subsaariana. “Os cubos de caldo […] representam uma grande oportunidade para melhorar a nutrição de bilhões de pessoas nessas regiões”, ressaltou Jaklenec.
De forma geral, o novo material oferece uma plataforma promissora para substituir o uso de microplásticos em cosméticos em escala global, com aplicações diversas. Com isso, os cientistas esperam que o desenvolvimento desse material biodegradável contribua para uma redução significativa na liberação de microplásticos no meio ambiente, especialmente provenientes de produtos de saúde e beleza.
Comentários