“E para superar os desafios da bioeconomia na Amazônia, não há outro caminho que não seja integrar a qualificação técnica com melhorias na infraestrutura. Investimentos estratégicos em educação, capacitação técnica, estradas, telecomunicações e energia são fundamentais, a chave e a senha de um novo amanhã.”
Por Nelson Azevedo
____________________
Na semana passada, Manaus abrigou um evento da maior importância para os interesses da Amazônia, um Seminário Internacional, organizado pelo governo federal, com propósitos de oferecer alternativas de Bioeconomia para a região, particularmente na região de fronteira, onde a ausência do poder público tem favorecido atividades sombrias que não emitem nota fiscal. Topamos, precisamos e queremos. Precisamos assegurar algumas premissas, a saber, qualificação técnica e tecnológica de nossa juventude e infraestrutura adequada aos bionegócios que podemos adotar.
Qualificação técnica e da infraestrutura
A diversificação na direção de uma bioeconomia robusta na Amazônia, para obter êxitos, demanda o enfrentamento de desafios significativos, particularmente nos campos da qualificação técnica e da infraestrutura. Vamos nesta reflexão explorar esses desafios e propor sugestões para transformar a economia do Polo Industrial de Manaus e, por extensão, da região amazônica. Nada como construir em mutirão os melhores propósitos e conquistar as premissas de sua construção.
Inventário das demandas
Qualificação técnica é a primeira lacuna a preencher. E com urgência. Começando, por exemplo, por um inventário das demandas educacionais e de qualificação técnica. A região precisa formular estratégias para preparar sua juventude para a bioeconomia, um setor que exige habilidades especializadas. Temos no DNA uma experiência de muita fartura e improvisação. E hoje, felizmente, as relações comerciais e industriais não acomodam respostas improvisadas. É preciso construir soluções ao mesmo tempo efetivas e definitivas.
Tecnólogos ribeirinhos
Entre o ensino médio e a graduação plena, há uma lacuna descuidada historicamente. E que pode ser retomada e preenchida com cursos de tecnólogos. Esses cursos, com duração de aproximadamente dois anos, podem oferecer uma preparação intensiva e de qualidade, atendendo à demanda por profissionais capacitados em biotecnologia, gestão de recursos naturais e outras áreas vitais para a bioeconomia. Coleta, preparação/higienização, manuseio e dissecação laboratorial são habilidades fundamentais e essenciais. Foi assim na UTAM, Universidade de Tecnologia da Amazônia, nos anos 80 e 90. O polo industrial demandava e a UTAM qualificava. Foi assim que nossos asiáticos ribeirinhos foram substituindo os tecnólogos asiáticos, propriamente ditos, nas linhas de preparação e produção.
Infraestrutura: o gargalo histórico
A Amazônia enfrenta um gargalo crônico em termos de infraestrutura, logística e comunicação. Estes são elementos cruciais para a competitividade e eficiência das indústrias locais. A região necessita de investimentos significativos em infraestrutura para apoiar o desenvolvimento de atividades econômicas baseadas na biodiversidade. Estradas, portos, energia e conectividade são fundamentais para facilitar o acesso aos mercados, a transferência de tecnologia e a comunicação eficiente. Essa infraestrutura precisa levar em conta as peculiaridades regionais da Amazônia, suas suas demandas logísticas, modulações energéticas e conectividade instantânea.
Bioeconomia, inovação e desenvolvimento
A bioeconomia na Amazônia não é apenas uma questão de exploração econômica sustentável de sua biodiversidade; ela é também uma fonte de inovação e crescimento econômico em todas as direções. Ao investir na bioeconomia, promove-se o uso sustentável dos recursos naturais, oferecendo soluções inovadoras para desafios globais, como a mudança climática e a conservação da biodiversidade. Essa abordagem vai gerar empregos, aumentar a renda e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente.
Integração e Investimento
E para superar os desafios da bioeconomia na Amazônia, não há outro caminho que não seja integrar a qualificação técnica com melhorias na infraestrutura. Investimentos estratégicos em educação, capacitação técnica, estradas, telecomunicações e energia são fundamentais, a chave e a senha de um novo amanhã. Além disso, a colaboração entre governos, instituições educacionais, empresas e comunidades locais vai permitir a aceleração do desenvolvimento de uma bioeconomia sustentável. A Amazônia está em um ponto de virada: com os investimentos e estratégias corretos, e pode se tornar um modelo de desenvolvimento sustentável para o mundo.
Nelson é economista, empresário e presidente do sindicato da indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.
Comentários