“Com clareza, consistência e compromisso genuíno com o verdadeiro ESG, as empresas do Polo Industrial de Manaus já sabem superar as contradições e retrocessos, contribuindo de forma significativa para uma sociedade mais justa e um ambiente mais saudável.”
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up
O movimento ESG, apesar de ser um importante catalisador para mudanças sustentáveis e éticas no mundo empresarial, enfrenta atualmente uma crise de identidade e eficácia. A abrangência e a ambiguidade do termo, conforme observado por especialistas da London Business School e Tara Shirvani Consultoria, têm levado a interpretações e aplicações divergentes, muitas vezes contraditórias.
É preciso desmistificar para entender os retrocessos e ter clareza dos rumos e medidas a seguir. O ESG abrange três áreas distintas: ambiental, social e governança, não é novidade. Entretanto, é muito delicada a convergência conceitual e operacional de cada área e de suas intersecções. Enquanto as dimensões ambiental e social focam na contribuição para a sociedade, a governança trata de gerar o velho e bom retorno financeiro. Essas áreas, embora interligadas, muitas vezes apresentam objetivos funcionalmente incompatíveis, criando um terreno fértil para contradições, mal-entendidos e deformações. Foi assim que o descrédito tentou corroer a adoção da metodologia.
Retrocessos e abuso do termo ESG não significam seu esvaziamento, apenas que sejam asseguradas medidas transparentes e rigorosas de sua aplicação. Desde sua descoberta na esteira do Acordo de Paris em 2015, as distorções não pararam de crescer e aparecer. O excesso de uso do termo ESG e sua incorporação em uma ampla gama de práticas empresariais desvalorizaram seu significado. As empresas, ao adotarem a nomenclatura ESG para uma variedade de decisões, muitas vezes se desviaram dos verdadeiros princípios de sustentabilidade e responsabilidade social, levando a críticas e ceticismo do público e dos investidores.
O problema político e a adoção do Greenwashing são os sintomas mais palpáveis da ameaça aos avanços e acertos das três letrinhas. A gestão se tornou um campo minado no universo político, pois deu panos para as mangas oportunistas de figuras como o governador da Flórida, Ron DeSantis, e o ex-vice-presidente americano Mike Pence, criticando seu uso por motivos ideológicos. Ou seja, mecanismos conceituais muito utilizados na construção de narrativas que falsificam o mundo real.
Além disso, ou como subproduto dessas distorções, começaram a pipocar em várias corporações as práticas de “greenwashing”, onde as empresas exageram ou falsificam seus compromissos com a sustentabilidade. Isso têm prejudicado a credibilidade do movimento. É muito comum a invocação da Amazônia irreal e harmoniosa, com sua floresta em pé e seus habitantes felizes para empinar reputação de corporações que jamais se empenharam em colaborar com projetos de sustentabilidade ou de responsabilidade social na região.
E, neste cenário paradoxal, como fica a questão do futuro da metodologia ESG? Apesar dos desafios, eventuais contradições ou retrocessos, o conceito de ESG permanece vital. A próxima geração de líderes empresariais, sobretudo aqueles envolvidos nos debates do aquecimento global e da má distribuição dos recursos, parece disposta a abraçar um conceito mais amplo de responsabilidade corporativa, mesmo que sob um rótulo diferente. As empresas devem reconhecer a importância de se adaptar às crescentes preocupações ambientais, sociais e de governança, independentemente da terminologia utilizada.
O movimento ESG enfrenta desafios significativos, mas ainda oferece uma estrutura valiosa para empresas que buscam operar de maneira sustentável e ética. Essa é uma discussão que já desembarcou no CIEAM, o Centro da Indústria do Estado do Amazonas, e veio para ficar. Com clareza, consistência e compromisso genuíno, as empresas do Polo Industrial de Manaus, podem superar as contradições e retrocessos, contribuindo de forma significativa para uma sociedade mais justa e um ambiente mais saudável.
Afinal, para além de suas obrigações legais e contratuais com a União, as empresas já podem adiantar, com dados, fatos e resultados que a Ciência tem a oferecer, a neutralidade de carbono que emitem em comparação com as toneladas fixadas pela floresta que as indústrias ajudam a manter em pé. Sob o comando da empresária Régia Moreira Leite, e com o respaldo das entidades de classe do Polo Industrial de Manaus, o movimento ESG começou a se estruturar em Manaus em plena pandemia da COVID-19, do ponto de vista social.
E por responsabilidade institucional do programa ZFM, todas as empresas beneficiadas por compensação, para se instalar na indústria tem por ofício proteger a floresta, ou seja, são autoridade em gestão ambiental.
Voltaremos.
Esta coluna é publicada às quartas quintas e sextas feiras no Jornal do Comércio da Amazonas,
sob a responsabilidade do centro da indústria do estado do Amazonas sob a coordenação editorial de Alfredo Lopes
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