Sobre o artigo do Estadão de 27.06.22, *Zona Franca de Manaus em busca de um futuro*, de Horácio Lafer Piva, Pedro Passos e Pedro Wongtschowski.
Por Petronio Augusto Pinheiro Filho
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Coluna Follow-Up
Ainda sobre o artigo publicado no Estadão, no último dia 27, de autoria dos empresários Horácio Lafer Piva, Pedro Passos e Pedro Wongtschowski, é nobre e justo registrar nosso agradecimento pela reflexão dedicada à economia que dá suporte ao desenvolvimento desta região primitiva e diversificada que precisa da atenção do país. O artigo “Zona Franca de Manaus em busca de um futuro”, na ótica de três empreendedores respeitáveis e bem sucedidos, é no mínimo uma honraria. Essa honraria foi decodificada como um convite para avançarmos, em mutirão construtivo, nesta temática sobre nosso programa de desenvolvimento regional que representa a única matriz econômica amparada pelo estatuto da legalidade. E diversificar, adensar e interiorizar essa economia, é também nossa inquietação e propósito. Por isso, é sempre bom contar com sugestões e apoio como este, um verdadeiro fermento de brasilidade. Isto é muito daquilo que precisamos para integrar este Brasil desconhecido por meio de aproximação colaborativa entre o Vale do Anhangabaú e o do Javari, ou do Rio Juruá, de onde veio grande parte da borracha da Amazônia que ajudou o Brasil a pagar sua dívida externa no início do Século XX.
Ainda repercutindo o artigo no Estadão, leia tambem “Amazônia, os que aqui vivem e os que ouvem falar daqui” e também “A ZFM no Estadão – Parte II”
O currículo dos articulistas tem tudo a ver com as demandas da Amazônia e suas sinapses de parcerias inadiáveis. Experiência robusta em bioeconomia, logística de transportes, recursos minerais, alternativas energéticas, reflorestamento de espécies de alto comercial e por aí vai. E, certamente, a soma dessas habilidades empreendedoras, com nossa planta industrial no coração da floresta, sinaliza, a priori, a diversificação produtiva, a integração econômica e a partilha tecnológica de que todos padecemos. Somar insumos e talentos é dividir ativos de incalculável valor.
Tem um porém… sempre achamos que as distâncias são impeditivas, poderia alguém alegar, pois moramos longe(?). Longe, entretanto, é a China que desenvolveu soluções logísticas que nos transformam em vizinhos de cerca viva. Eles entregam no Porto de Santos com mais desenvoltura do que nossa cabotagem. Aqui na Amazônia, desde o programa de diversificação produtiva do Marquês de Pombal, a distância sempre foi uma variável logística contornável. Afinal, tomando o norte do continente americano e o europeu, a Amazônia ganha vantagens substantivas com relação ao Sudeste do Brasil. E os articulistas bem sabem que, se distância fosse obstáculo, o Ocidente não teria investido zilhões de dólares nos Tigres Asiáticos.
A nosso favor, pensando em BrasilAmazonia, com a nova configuração da Guerra Fria com Rússia e China, a palavra de ordem é reduzir a dependência da cadeia de suprimentos da Ásia e apressar a produção nos países vizinhos e aliados. Estes dias estamos celebrando os verdadeiros frutos que semeamos a partir da economia da ZFM e da biodiversidade da Amazônia. As empresas aqui instaladas deixam de legado os novos caminhos, coerentes e aderentes, de nossa diversificação. Trata-se da ExpoAmazonia Bio&TIC2022, a celebração de uma união estável entre a bioeconomia e a tecnologia da informação e da comunicação. Escancaram-se, assim, novas portas de oportunidades. Com o olhar visionário de Lafer, Passos e Wongtschowski, suas ilações construtivas e intuições, é possível vislumbrar a expansão do talento nativo e o ambiente adequado de negócios, com melhor aproveitamento de nossa mão-de-obra qualificada, e a vocação logística da região para tornar-se o principal hub da América do Sul, como fizeram os ingleses no Ciclo da Borracha.
Em tempo, queremos sublinhar que não somos responsáveis pela desastrosa política fiscal do país. Trabalhamos apenas com 7,6% do gasto fiscal de incentivos da Receita para gerar, além de 500 mil empregos, miríades de oportunidades pelo país afora. Temos, sim, instrumentos e suprimentos para ajudar a empinar o país. Aceitamos, pois, de muito bom grado, o convite para pensarmos objetivamente, sob o signo da brasilidade e da prosperidade, novas modulações de desenvolvimento regional em coalizão cívica, empresarial, preferencialmente em torno da deliciosa e acolhedora gastronomia da Amazônia.
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