O que fazer para preparar uma nova interlocução com o governo central, mostrar os paradoxos, avanços e desafios da economia do Amazonas? Em artigo publicado nesta terça-feira, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, insiste no protagonismo da indústria e na necessidade de exigir do poder público o compromisso legal de destinar ao interior as verbas pagas pela indústria para este fim. Ele relembra que, bem antes da crise que nos tirou fôlego e empregos, as entidades do setor produtivo estão empenhadas na diversificação da economia do Amazonas. Sua frase profética permanece atual: “não podemos seguir dependendo exclusivamente de uma caneta que pode ampliar ou desconstruir o processo de desenvolvimento deste Estado e da Amazônia sob a gestão da Suframa”.
E qual é a melhor maneira de nos prepararmos para as mudanças que virão no novo desenho fiscal do Brasil? Pra começo de conversa, este empenho tem-se focado na prestação de contas ao contribuinte dos 8% do bolo de isenção fiscal utilizado pela Suframa para administrar, nos estados da Amazônia Ocidental e Amapá, a equação contrapartida fiscal versus redução das desigualdades regionais.
Parcerias estratégicas
Para o líder empresarial, temos mobilizado parceiros do Sudeste para nos auxiliar na tradução numérica de nossos acertos e eventuais equívocos no enfrentamento desta equação que, ao mesmo tempo, presta contas da contrapartida fiscal e aponta novas oportunidades de investimento. Por isso, a FGV (Fundação Getúlio Vargas), presente há décadas na qualificação regional de recursos humanos está preparando uma avaliação mais profunda de nossa atuação empresarial e seus embaraços burocráticos.
Com essa mesma preocupação, a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, está preparando, através de doutoramento Interinstitucional 22 pesquisadores da UEA – uma academia integralmente paga pela indústria – na perspectiva de expandir novos cérebros que possam formular projetos e saídas de diversificação, adensamento e Interiorização do desenvolvimento.
Academia e economia
Essa interlocução com instituições de ensino e pesquisa do Sudeste, diz Wilson Périco, traduz nossa convicção em torno dos benefícios que podemos consolidar na relação mais próxima entre economia e academia, sob dois conjuntos de prioridades: o exercício do protagonismo institucional e a busca de diversificação e interiorização da economia. Interessa às entidades da Indústria oferecer, fundamentalmente, às empresas presentes no Estado e aquelas interessadas em novos investimentos, ferramentas de planejamento e tomada de decisão para os novos tempos.
Vamos buscar a viabilidade de novos cenários econômicos, insiste o empresário, através de indicadores que possam balizar oportunidades, rever, ampliar, diversificar negócios e oportunidades a luz de informações confiáveis e necessárias aos novos investimentos. Com isso, o setor produtivo poderá resgatar os propósitos e projetos de interesse do Estado, emprestando sua colaboração e habilidades na prospecção e indicação de oportunidades para diversificar a economia, interiorizar os benefícios e promover o desenvolvimento integral sustentável de nossa região.
Ambiente de negócios
Com informação, inovação e avanço tecnológico, podemos construir um setor produtivo mais reforçado e dinâmico. Ou seja, quanto mais sólido e próspero o ambiente de negócios na planta industrial que movimenta, hoje, 80% das atividades econômicas do Amazonas, mais resultados socioeconômicos estão assegurados. Acreditamos nas ações que buscam a redução da máquina pública e que, se assim acontecer, nos permitirá recuperar, fortalecer a produtividade e a competitividade de nosso Polo Industrial, fatores decisivos na recuperação de emprego, renda e receita pública. Insistimos, porém, que esta articulação integre aos demais atores presentes no Estado, notadamente os organismos federais, as instituições de ensino e pesquisa, relacionadas no amplo desafio de mapear, estudar e explorar racionalmente as oportunidades para diversificar e interiorizar a economia.
CBA é coisa séria
O presidente do Cieam vê com bons olhos a aproximação construtiva entre alguns atores locais para fazer funcionar o Centro de Biotecnologia da Amazônia, entretanto, essa movimentação não pode esquecer que coube à Indústria pagar essa conta. Foram mais de R$120 milhões aportados, através da Suframa, para criar um Polo de Biotecnologia e novas oportunidades. Não é justo nem ético quem quer que seja abancar-se deste patrimônio sem consultar expectativas de seus patrocinadores. Repudiamos as vaidades pessoais e relações políticas sombrias em detrimento do interesse regional e das parcerias continentais.
Precisamos reduzir a gastança pública e sua pesada burocracia como também a falta de transparência na interlocução de alguns atores não governamentais com os cofres públicos. Os tempos começam a mudar. A propósito cabe invocar o texto sagrado: “Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos”.
Que assim seja!
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