Wilson Périco*
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Política equidistante da economia
Todos ficamos mais confiantes com a publicação recente dos indicadores da recuperação da economia brasileira. Decididamente, o descolamento da gestão econômica da condução política se transformou numa equação direta de positiva causalidade. Tomara que seja esta a maior descoberta do eleitor em outubro próximo e que a ingerência política na economia do Amazonas siga respeitando a retomada do crescimento e a geração dos postos de trabalho.
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Raízes históricas dos incentivos
A celebração do aniversário da Zona Franca de Manaus tem esta conotação. Há 50 anos, os critérios do Regime Militar estavam distantes do viés político. Tratava-se de integrar para não entregar a gestão da Amazônia para a cobiça internacional, substituir importações e suprir as desvantagens econômicas de uma região isolada e castigada por uma carga tributária uniforme, em relação aos centros desenvolvidos do País e abusiva para quem aqui viesse empreender.
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Agregação de valor e acertos
Passados 50 anos, a contrapartida fiscal de 8% da renúncia fiscal do Brasil, utilizada por Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e parte do Amapá, deu certo e agregou valor nos avanços a proteção florestal. Hoje, o maior ativo climático do compromisso global assumido pelo Brasil é manter quase intacta a cobertura vegetal do Amazonas, o maior estado da federação, com 155 milhões de hectares. A União Europeia e a Organização Mundial do Comércio nos aplaudem e as empresas, outrora cuidadosas em assumir sua presença na planta industrial do Amazonas, hoje se orgulham de associar sua marca a um projeto que harmoniza geração de riqueza e emprego com proteção ambiental.
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Acertos ambientais e avanços socioeconômicos
Estamos mapeando e encaminhando parcerias acadêmicas, institucionais e de comunicação com o Sudeste para contar o que fazemos e destacar as oportunidades de trabalhar duro e em conjunto que aqui temos para recompor e reconduzir o país em sua vocação de modernidade civilizatória. Aqui não há renúncia e sim contrapartida fiscal, com prestação de contas permanente e a devolutiva mais robusta de acertos socioeconômicos e zelo florestal da história da República.
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Benvindos, investidores!
Sejam bem-vindos os novos investidores. Temos uma boa notícia. Iniciaremos este ano a formulação dos PPBs indutivos, são indicações de novos produtos eletroeletrônicos, de comunicação e informação, alternativas de transportes – drones – equipamentos do agronegócio, etc., todos previamente licenciados, com o apoio já assegurado, e maior protagonismo da governança estadual, para adensar a indústria do Amazonas, apenas 0,6% dos estabelecimentos industriais do Brasil. Precisamos, urgentemente, investir na ampliação das parcerias, prioritariamente locais e decididamente nacionais. Quem tem projetos em andamento ou gestação na academia, quem é capaz de formular projetos para diversificar, adensar e interiorizar a produção tem carta branca e tapete vermelho.
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Os presentes da Natureza
Temos, adicionalmente, a oferecer a indústria da saúde integral. Na biodiversidade amazônica e nos inventários de pesquisa de nossas instituições temos a contrapartida de uma produção fitoterápica da medicina milenar das populações indígenas. Essa indústria, com agregação tecnológica, não tem as sequelas de complicações concomitantes. Ela trabalha com as potencialidades de outra indústria, a dermocosmética, que pereniza as células e a beleza. E temos, também, os alimentos funcionais, que nutrem e impedem câncer, Mal de Alzheimer, tuberculose e por aí vai.
- Que venham os empreendedores da indústria orgânica, da produção de proteína de peixe, nossa maior vaidade gastronômica, uma indústria que pode abastecer o mundo com prazer é eficácia nutricional. Por fim, o nióbio, o tântalo, a silvanita, uma infinidade de minerais preciosos e estratégicos, capazes de gerar riqueza e os respectivos instrumentos de proteção socioambiental. Nestes 51 anos da Zona Franca de Manaus, PARABÉNS, SUFRAMA, a Amazônia Ocidental e Continental abre suas janelas de oportunidades para quem quiser gerar riqueza, emprego, proteger o clima, a qualidade de vida e a prosperidade que substitui a violência pela comunhão fraterna de que o Brasil tanto precisa.
(*) Wilson é economista, presidente do CIEAM, Centro da Indústria do Estado do Amazonas e vice-presidente da Technicolor para a América Latina.
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