Prometendo ser a resolução de uma briga antiga entre ambientalistas e desenvolvimentistas, novo relatório do Ministério dos Transportes confirma a viabilidade técnica e ambiental da total pavimentação da BR-319, destacando a importância da obra para conectar Manaus ao resto do Brasil e reduzir o isolamento terrestre do Amazonas.
A BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho, tem sido um ponto de controvérsia por décadas devido ao seu estado precário e falta de pavimentação. A situação criou um isolamento geográfico significativo para Manaus, a maior cidade da Amazônia, onde reside um grande polo industrial, dificultando a integração com o resto do Brasil. Sem uma infraestrutura adequada, o transporte de mercadorias e pessoas torna-se extremamente oneroso e complicado, impactando negativamente o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida dos moradores da região.
Desmatamento e preocupações ambientais
Sobretudo nos últimos anos, a área ao longo da BR-319 tornou-se um foco de desmatamento, levantando preocupações entre especialistas e órgãos ambientais. O temor é que o asfaltamento da rodovia facilite o acesso às áreas florestais remotas, exacerbando a destruição da floresta amazônica e ameaçando a biodiversidade. Organizações ambientais argumentam que a pavimentação pode resultar em uma perda irreparável de ecossistemas críticos, colocando em risco não apenas a fauna e flora, mas também as comunidades indígenas e tradicionais que dependem da floresta.
![Finalmente vai acontecer? Projeto polêmico de pavimentação da BR-319 recebe sinal verde](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/05/Rodovia-BR-319-desmatamento-Imagem-gerada-por-Inteligencia-Artificial-1-1-1111x630.png)
Desenvolvimento Econômico vs. Conservação Ambiental
Enquanto ambientalistas se opõem fortemente ao asfaltamento, especialistas de outros campos e empresários defendem a necessidade de melhorar a infraestrutura para impulsionar o desenvolvimento regional. Eles argumentam que uma rodovia pavimentada reduziria os custos logísticos, promoveria o comércio e atrairia investimentos, criando empregos e oportunidades na região. Esse dilema coloca em confronto dois objetivos aparentemente opostos: a conservação ambiental e o desenvolvimento econômico.
Nós do portal BrasilAmazôniaAgora sempre insistimos que a melhor maneira de manter a floresta em pé é dar a ela uma função econômica sustentável. A resolução desse problema é super complexa, mas a consolidação da famigerada e esperada bioeconomia na Amazônia passa obrigatoriamente pela resolução dos gargalos logísticos. Portanto a oportunidade esta aí. É preciso ousar e encontrar o caminho do meio para conseguir contemplar todos os pontos do dilema (os dois imensamente justos) e propor uma solução que faça sentido.
A busca por um equilíbrio entre esses interesses tem sido um desafio complexo para as autoridades brasileiras, mas que pode estar chegando a uma possível resolução.
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Novo relatório do grupo de trabalho da BR-319
O relatório final do grupo de trabalho do Ministério dos Transportes confirmou que a pavimentação da BR-319 é tecnicamente viável e ambientalmente sustentável. O estudo sublinha a importância desta obra para conectar Manaus a Porto Velho, eliminando o isolamento terrestre do Amazonas em relação ao restante do Brasil. O projeto prevê um investimento estimado em R$ 2 bilhões.
Leia o estudo na íntegra clicando aqui
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Soluções propostas para preservação ambiental
Para garantir a preservação ambiental, o relatório sugere diversas medidas, incluindo o cercamento de 500 quilômetros do “trecho do meio” da rodovia e a instalação de 172 passagens de fauna. Estas passagens, subterrâneas e aéreas, permitirão a travessia segura dos animais, reduzindo o impacto da rodovia sobre a fauna local.
O projeto passou por um processo rigoroso de licenciamento ambiental, envolvendo a apresentação de Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). A execução das obras está condicionada ao cumprimento de medidas de mitigação de impactos ambientais e sociais, conforme definido pelo IBAMA.
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O monitoramento e a governança da rodovia envolverão várias entidades, como Ibama, ICMBio, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. Essas organizações serão responsáveis pela implementação e supervisão das medidas de preservação ambiental, assegurando que as operações de pavimentação e manutenção da rodovia sejam conduzidas de maneira sustentável. “O ministério reconhece a complexidade deste empreendimento, mas reafirma a responsabilidade em conciliar infraestrutura e sustentabilidade. Assim, ao darmos publicidade ao documento, dotamos de transparência todo o processo decisório, mantendo em vista as medidas necessárias à proteção socioambiental”, afirmou Cloves Benevides, secretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou que a recuperação da rodovia será acompanhada por ações de sustentabilidade. “Será uma rodovia com cercamento em áreas de floresta, com passagem de fauna subterrânea e aérea”, disse o ministro. Ele acrescentou que o projeto foi desenvolvido com a participação do Ministério do Meio Ambiente e de outros ministérios, além de audiências públicas realizadas na região amazônica, assegurando a transparência e a inclusão de diferentes perspectivas no processo decisório.
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Reuniões Bilaterais no início do ano:
- O IBAMA participou para discutir o licenciamento ambiental e os condicionantes necessários para a continuidade das obras.
- A FUNAI esteve presente em discussões sobre o impacto das obras em comunidades indígenas e as medidas de mitigação necessárias.
- O ICMBio participou para abordar questões relacionadas à conservação da biodiversidade e aos requisitos ambientais do projeto.
Histórico e desafios do projeto
A BR-319, com cerca de 918 quilômetros de extensão, atravessa o Bioma Amazônico e teve suas obras iniciadas em 1968. No entanto, o projeto nunca foi concluído, enfrentando décadas de impasses, abandono e falta de manutenção, o que levou ao fechamento da rodovia em 1988. O debate sobre a pavimentação e recuperação da estrada foi retomado nos anos 2000, desta vez considerando os desafios ambientais e de governança.
Desde o início, a BR-319 foi marcada por dificuldades, incluindo a deterioração dos trechos inaugurados devido à falta de manutenção. Somente no início dos anos 2000, os esforços para pavimentar e recuperar a estrada foram retomados, enfrentando desafios como a necessidade de conciliar infraestrutura com preservação ambiental. Recentemente, avanços significativos foram feitos, como a inclusão dos estudos para a pavimentação no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a previsão de um acordo de cooperação técnica entre várias entidades.
![Finalmente vai acontecer? Projeto polêmico de pavimentação da BR-319 recebe sinal verde](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2023/02/Desmatamento-e-queimada-no-entorno-da-BR-319-em-Humaita-no-Amazonas-em-setembro-de-2022.-Foto-Michael-Dantas-AFP..jpg)
Próximos passos
O relatório será apresentado na Casa Civil, onde os próximos passos do projeto serão definidos. A próxima etapa dos trabalhos está marcada para julho, com o início de uma série de reuniões destinadas à elaboração de acordos de cooperação técnica entre o Ministério dos Transportes e demais órgãos envolvidos. Estas reuniões são cruciais para garantir que todas as partes interessadas estejam alinhadas e comprometidas com a execução sustentável do projeto.
O planejamento inclui a realização de mais reuniões para a elaboração de acordos de cooperação técnica entre o Ministério dos Transportes e entidades como Ibama, ICMBio, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. Esses acordos visam assegurar uma governança eficaz e a implementação das medidas necessárias para proteger o ecossistema ao longo da rodovia.
Com informações do Ministério dos Transportes
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