A preservação da cobertura florestal no Amazonas ajuda a capturar e armazenar grandes quantidades de carbono atmosférico, contribuindo para a redução das emissões líquidas do estado. No entanto, as emissões da indústria e da população de Manaus ainda são substanciais e precisam de estudos adicionais demonstrativos para aferir se as emissões totais são completamente neutralizadas pela conservação florestal.
Por Alfredo Lopes
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China, Estados Unidos, Índia e União Europeia são os maiores emissores dos gases do efeito estufa, entretanto, EUA e Rússia são os campeões nas emissões per capita. Índia é o último e o Brasil o penúltimo na quantidade de emissões de seus cidadãos na escala dos 10 países que mais poluem a atmosfera. E o que é que o Amazonas e sua indústria tem a ver com isso?
Utilizando 2019 como referência de análise, o Brasil terminou o ano com um PIB de US$ 1,8 trilhões (R$ 7,389 trilhões), aumentando 1,1% em relação ao ano anterior. Desse aumento, R$ 108,18 bilhões foi do Amazonas – que cresceu 2,3%. É importante, nesse contexto, comparar o faturamento do setor de Agropecuária com o setor de Indústria antes de analisar as emissões de carbono per capita do Brasil e do Amazonas, e destacar a preservação da cobertura vegetal no Amazonas. Além disso, é fundamental comparar as emissões da indústria e da população de Manaus com a área preservada no estado.
No quesito faturamento do agronegócio vs. desempenho da indústria, naquele ano o faturamento da agropecuária alcançou R$4,9 bilhões, enquanto a Indústria registrou R$32,9 bilhões. Isso demonstra que a Indústria teve um faturamento aproximadamente 7 vezes maior do que a agropecuária. E mais: embora o setor industrial tenha se destacado como um dos pilares da economia brasileira, quem tem obtido destaque são os avanços das commodities do agronegócio. É muito importante analisar os dados como eles se impõem e como eles repercutem na economia brasileira.
O mesmo se aplica à questão vital da descarbonização. Emissões de carbono precisam sempre ser analisadas à luz do perfil demográfico posto que caberá um trabalho ousado de caráter educacional para orientar o papel da população nas obrigações nacionais relativas ao compromisso climático à luz dos desastres crescentes que tem açoitado o planeta.
As emissões desses gases de efeito estufa ganhou status de preocupação global mas tanto os países como as pessoas estão demorando a tomar medidas mais radicais. Em 2019, o Brasil emitiu 6,88 toneladas de CO2 per capita, enquanto o Amazonas, um estado com grande parte de sua cobertura vegetal preservada, contribuiu com o total de 15.270.710 toneladas de CO2 equivalente em emissões. O Amazonas merece destaque pela preservação de 143.400 hectares de sua cobertura vegetal, contribuindo fortemente para a redução das emissões. Com uma alta densidade de estoque de carbono (159,8 toneladas por hectare), o estado desempenha um papel fundamental na mitigação da mudança climática.
Mesmo concentrando sua economia na capital, o Amazonas consegue, facilmente, demonstrar que sua contabilidade ambiental é responsável pela descarbonização do Estado, fator de neutralização das emissões da indústria. Ou seja, a capital do Amazonas, ao contribuir com 15.270.710 toneladas de CO2 equivalente em emissões, dos quais a indústria foi responsável por 4.657.567 toneladas, em 2019, evidenciando o papel determinante de descarbonização local com efetiva participação nacional.
A preservação da cobertura florestal no Amazonas ajuda a capturar e armazenar grandes quantidades de carbono atmosférico, contribuindo para a redução das emissões líquidas do estado. No entanto, as emissões da população de Manaus e da indústria ainda são substanciais e precisam de estudos adicionais demonstrativos para aferir se as emissões totais são completamente neutralizadas pela conservação florestal.
Esses estudos podem orientar no processo de conquista da neutralização completa, onde o Amazonas teria que garantir que suas emissões totais, incluindo as da indústria e da população, fossem zero ou que qualquer emissão restante fosse compensada por atividades de captura de carbono, como reflorestamento ou investimento em projetos de compensação de carbono. Esta é a pauta da Comissão ESG – Descarbonização, Indústria e Sociedade desta sexta-feira, 15 de Setembro de 2023.
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