Testemunha e parte integrante dessa liturgia construtiva, junto-me aos demais atores dessa história bela e teimosa de edificação da economia da Zona Franca de Manaus. Nem sempre compreendida nem respeitada em seus propósitos, direitos e contribuições. Foi preciso – e com muita frequência – desviar o melhor de nossa energia para desfazer equívocos, remover a maledicência, destacar os resultados de nossa obstinação colaborativa para gerar oportunidades de emprego e renda e assim atuar – dia após dia – na redução das desigualdades regionais de um país tão rico e tão injusto com as regiões mais pobres da Federação. Por isso o desrespeito nos constrange e aborrece.
Por Paulo Takeuchi
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O Amazonas e sua economia não estão muito diferentes da situação de outras capitais e regiões deste mundo açoitado pela pandemia da Covid-19. A gravidade da situação, a propósito, nos ajuda a entender os antecedentes de algumas medidas por parte das autoridades, consideradas amargas pela população. Investidores e trabalhadores foram alcançados e é nosso dever pontuar considerações que possam contribuir com a retomada da economia e desenvolvimento social desejado e necessário. Afinal, uma das regras fundamentais do capitalismo é resguardar o emprego, base sagrada da ordem e do progresso como recomenda a bandeira do Brasil. Move-nos achar saídas e o diálogo é a premissa que mais assegura a construção de soluções. É preciso acreditar naquilo que fazemos, pois aí residem as condições de realização de nossos sonhos.
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Os grandes empreendedores, entre os quais me permito sempre citar o Sr. Soichiro Honda – fundador da empresa que leva seu nome – guardam entre si uma característica comum: eles acreditam no papel dos sonhos como motor das conquistas. Sonhar e trabalhar duro são senhas que abrem janelas das oportunidades e bem-aventurado é aquele que transforma essa recomendação em conduta. As empresas que vieram para a Amazônia, nos últimos 55 anos, sonharam com grandes realizações e, a depender de seus esforços registrados na história da Zona Franca de Manaus, cada uma colheu proporcionalmente à grandeza de seu sonho e dos esforços investidos nessa trajetória. Por isso, esses resultados, acima de qualquer coisa, precisam ser respeitados. Acordos e entendimentos não podem ser descartados. Isso é regra de ouro para qualquer transação. E se aplica com mais rigor quando envolve a segurança das pessoas e o cuidado com suas famílias.
Permito-me retornar ao sonho do Sr. Honda, construído a partir das cinzas deixadas pelos horrores da II Guerra Mundial. Outra característica de sua trajetória foi exatamente o respeito às leis dos países para onde seus empreendimentos foram se espalhando. Respeito rigoroso aos seus colaboradores, suas condições de trabalho, qualificação e direitos. Respeito à Ciência, Tecnologia e Inovação, como premissa sagrada de crescimento integrado e integral dos empreendimentos e de melhor atendimento às necessidades e demandas do consumidor. Em suma, se alguém pretende trazer o sonho para a realidade, é preciso respeitar as leis, as pessoas e as exigências da realidade onde está inserido.
Testemunha e parte integrante dessa liturgia construtiva, junto-me aos demais atores dessa história bela e teimosa de edificação da economia da Zona Franca de Manaus. Nem sempre compreendida nem respeitada em seus propósitos, direitos e contribuições. Foi preciso – e com muita frequência – desviar o melhor de nossa energia para desfazer equívocos, remover a maledicência, destacar os resultados de nossa obstinação colaborativa para gerar oportunidades de emprego e renda e assim atuar – dia após dia – na redução das desigualdades regionais de um país tão rico e tão injusto com as regiões mais pobres da Federação. Por isso o desrespeito nos constrange e aborrece.
As empresas aqui instaladas, há mais de meio século, tem assegurado as condições para o Amazonas – um dos estados mais pobres do país – transformar-se num dos mais prósperos e avançados em termos educacionais, científicos e de inovação tecnológica.
E, por absoluta falta de respeito às leis do país, seguimos com 20% dos 50 municípios mais pobres e com os IDHs mais deploráveis de nossa nação. A riqueza que aqui construímos com obstinação construtiva é baseada em menos de 8% do bolo de incentivos fiscais do Brasil, autorizados pela Carta Magna. O propósito nunca foi colocar o Amazonas entre os 5 maiores contribuintes dos impostos federais, deixando a população vulnerável entregue à própria sorte. Os novos cortes anunciados pela autoridades econômicas – que estão sendo revisados – desconsidera contratos, ignora direitos, provoca desemprego e transforma nossos sonhos em verdadeiro pesadelo. Precisamos acordar, para construir, voltar sonhar e transformar para melhor a qualidade de vida da população.
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