A China segue queimando fósseis para gerar 71% da sua eletricidade e, no ano passado, o consumo de carvão voltou a crescer depois de um período de estagnação. A crise na oferta mundial de gás no ano passado fez disparar a produção e importação de carvão.
No país, o aproveitamento da energia dos ventos (7%) e do Sol (2%) são importantes e seguem crescendo mais que as outras fontes. No ano passado, suas capacidades cresceram 30% e 14% respectivamente, enquanto a capacidade das térmicas aumentou pouco mais de 8%.
A questão é que a economia chinesa segue crescendo acima de 7% e isso requer acréscimos significativos de capacidade todo ano. Nesta toada, segundo uma matéria da Bloomberg, as promessas climáticas – até 2030, atingir o pico de emissões e chegar a net zero até 2060 – correm o risco de não serem atingidas.
Para piorar a situação, um grupo que monitora emissões de metano registrou picos de emissão de minas chinesas de carvão. Outra matéria da Bloomberg faz uma comparação: em uma hora, duas minas emitiram o equivalente à poluição de 6.000 carros.
O governo chinês não tem noção precisa das emissões do setor produtivo e está iniciando um projeto-piloto com alguns dos maiores emissores do país – térmicas a carvão, grandes siderúrgicas e produtores de óleo e gás – para definir seus planos de monitoramento de emissões até o final do ano.
Segundo a Reuters, não há, até o momento, um reporte regular e detalhado das emissões do país. Por exemplo, as emissões da siderurgia do ano passado devem ter caído, depois do governo ditar um limite para a produção de aço, que não deveria ultrapassar a de 2020. Apesar do começo de 2021 indicar um crescimento do setor, a alta do preço da energia e a crise no mercado imobiliário esfriaram a demanda de aço e de cimento. A notícia saiu no Channel News Asia.
Enquanto isso, uma investigação do Greenpeace mostra que o gigantesco setor automotivo chinês deve fazer sua parte e atingir o pico de emissões nesta década, mas não irá atingir a meta de neutralidade climática até 2060. A ONG defende o fim dos motores a combustão interna até o final desta década, ao passo que os planos nacionais preveem o prosseguimento de sua produção até a metade do século, pelo menos. A Reuters deu a notícia.
A China é um dos países mais vulneráveis aos impactos climáticos. E a revista especializada na área militar, a Defense One, diz que as forças armadas chinesas estão mal preparadas para desastres e distúrbios. Com mais de 11.000 km de costa e 6.700 ilhas que abrigam muitas das suas grandes metrópoles, a China responde por mais de 30% da exposição global ao aumento do nível extremo das águas costeiras.
Mudanças no regime hidrológico provocam ao mesmo tempo secas duras e enchentes que desabrigam centenas de milhares de pessoas. No último white paper do Exército de Libertação Popular de 2019, não havia uma única menção às mudanças climáticas.
Em tempo: O serviço meteorológico chinês avisou que a erupção do vulcão em Tonga no sábado pode deslocar o cinturão de chuvas chinesas para o sul, reduzindo a intensidade das monções no verão deste ano. Além disso, segundo o Global Times, o serviço estima que a temperatura média global deva cair entre 0,4°C a 0,7°C este ano.
Fonte: ClimaInfo
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