Ao menos 78 pessoas morreram em Petrópolis após chuvas extremas caírem no município nesta 3ª feira (15/2). Há 35 desaparecidos e dezenas de desabrigados. A tempestade se originou de uma massa de ar frio que estava sobre o Oceano Atlântico e que já tinha baixado as temperaturas no Sul do país. A cidade histórica e montanhosa na Região Serrana do Rio de Janeiro recebeu em 3 horas um volume maior de chuvas do que a média para o mês de fevereiro – que já é chuvoso.
No bairro Morro da Oficina, até 80 casas foram soterradas. Imagens de drones mostram o caos em toda a cidade. Várias autoridades se reuniram nesta 4ª feira no município e o governador do estado, Cláudio Castro, classificou a situação como um cenário de guerra, com carros pendurados em postes e presos a telhados.
Há onze anos, mais de 900 pessoas morreram na Região Serrana após chuvas intensas, em uma das maiores tragédias da história do Brasil. O episódio levou à criação do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, o Cemaden. José Marengo, meteorologista e coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, não tem dúvidas sobre o aumento da intensidade deste evento em comparação com o de 2011. “Menos pessoas morrem hoje porque se criou uma cultura de monitoramento de desastres com a criação do Cemaden. Até 2011, os alertas tratavam apenas da chuva e não de movimentação de massa [deslizamentos]”, disse à Folha. O jornal informa ainda que o órgão emitiu um alerta na 2ª feira informando sobre a possibilidade de ocorrência de fortes chuvas.
Não é possível prever um volume tão expressivo e concentrado de chuvas, mas segundo declaração do cientista Paulo Artaxo à mesma reportagem, o alerta deveria ter gerado evacuação imediata das áreas de risco dado o histórico da região. Sirenes foram acionadas às 16h42 desta 3ª feira, segundo informou a Defesa Civil, isto é, quando as chuvas já haviam começado e já estavam intensas.
Mas além de alertas, o que mais deveria ter sido feito nesses onze anos para impedir que milhares de pessoas continuassem ocupando áreas de risco na região? O jornalista Leonardo Sakamoto elenca no UOL uma série de ações necessárias para governos que levem a crise climática e a ocupação desordenada a sério.
Os bombeiros e as equipes locais de defesa civil seguem trabalhando no local. A previsão é infeliz: as próximas horas terão mais chuvas, um risco para essas equipes, já que o solo da região está encharcado e pode apresentar instabilidades. A principal notícia do momento no Brasil teve ampla repercussão na imprensa estrangeira, com Reuters, AP, BBC, NYT, ABC News, entre outros.
Fonte: ClimaInfo
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