Por isso é importante revisitar a história para compreender a hora presente, onde tecnologia e inovação são as premissas essenciais dos avanços rumo à utopia.
Por Nelson Azevedo
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Amazônia, um pouco antes alem depois, é uma homenagem a uma obra rara e obrigatória para quem quiser saber da Amazônia, é um livro preciso entre os 115 títulos e nossa história do desenvolvimento socioeconômico, do professor Samuel Benchimol, (Texto integral disponível) publicado há quase meio século, ou seja, bem antes da 4a revolução industrial. Entre suas teses está a necessidade do conhecimento avançado para decifrar o enigma Amazônia. Por isso é importante revisitar a história para compreender a hora presente, onde tecnologia e inovação são as premissas essenciais dos avanços rumo à utopia.
Sonho ou utopia?
A priori, perguntamos: que fatores estão facilitando o desabrochar da Indústria 4.0 na Zona Franca de Manaus? Esta questão foi investigada, em nível de mestrado, pelo pesquisador da UFAM, Universidade Federal do Amazonas, Luiz Fernando Aguiar, com apoio da Suframa, Superintendência da Zona Franca de Manaus, para identificar o estágio atual da iniciativa e o estágio onde já deveria estar essa política pública, a implantação da Indústria 4.0, vital ao desenvolvimento econômico e de inovação tecnológica das empresas fabris da ZFM.
Como resultado da pesquisa já temos um diagnóstico e as respectivas proposições para a transição tecnológica das empresas ao desejável universo da Quarta Revolução Industrial. Sonho ou utopia? A diferença entre essas metas é que para sonhar basta soltar o imaginário com atenção enquanto as utopias implicam um lugar satisfatório coletivamente pretendido e que exige mobilização de esforços para sua antecipação.
Academia e economia
A iniciativa merece aplauso não apenas porque é fruto da aproximação benfazeja, embora esporádica, entre academia e economia e reflete a postura visionária da Suframa, que conseguiu enxergar para as próximas décadas as prioridades desta parceria. Ou há outro jeito de adensar, diversificar e interiorizar essa equação absolutamente necessária à agregação de valor aos empreendimentos atuais e futuros de Manaus e da Amazônia, onde persistem baixos índices de desenvolvimento humano.
E o que é irônico: aqui ainda subsiste um monumental almoxarifado de produtos da biodiversidade e da geodiversidade que impõem pesquisas e desenvolvimento sob o signo da sustentabilidade Amazônia.
Qualificação humana e técnica
Para isso, é preciso um arrojado projeto educacional, como o que foi aplicado no Nordeste cearense, com ensino de tempo integral focado na qualificação humana e profissional como premissa de transformação. Ou existe outro caminho para efetivar a mudança e assegurar a redução das desigualdades regionais sociais e regionais do Brasil? Não faltam recursos e sim vontade política para que haja adesão de todos os atores sociais.
Graças aos céus a temporada da política partidária ficou pra trás, agora é hora de somar talentos, subtrair a escassez de instrumentos e priorização, para multiplicar as realizações e dividir a solidariedade e a pacificação. Nos anos 80-90, apostamos nossas fichas e atenção nos cursos de tecnólogos. Deu muito certo. Hoje faltam professores de tecnologia e sobram graduações esvaziadas.
Follow the money
No caso do Amazonas e da Amazônia Ocidental, mais o Amapá, onde atua a Suframa, precisamos de mão de obra qualificada e de infraestrutura. Isso não significa um centavo de recursos a mais daquilo que a ZFM recolhe a cada ano, cerca de 75% do total de riqueza aqui produzida. No âmbito estadual, temos repassados aos diversos fundos e contribuições, FTI, UEA, FMPES…, um valor anual em torno de R$ 4 bilhões, o suficientes para fazer uma verdadeira revolução.
Esses recursos não são orçamentários. Eles resultam da contribuição do contrato social firmado entre o setor privado da ZFM e o poder público para gerar riqueza e assegurar a redução das desigualdades regionais através da aplicação local da riqueza que daí é gerada. Este é um mandado constitucional. Follow-up de money. Siga o dinheiro. Precisamos ir atrás dos recursos e palpitar sobre sua aplicação.
Transparência e persistência
E o que hoje observamos? Esses recursos não chegam integralmente ao destinatário para quem a a lei determina – a população empobrecida. Fica para outras prioridades em mais de 60% sua aplicação. Ora, o não atendimento do mandamento constitucional implica em infração grave, pois essa atitude impede a distribuição de benefícios, oportunidades e novos negócios especialmente para os jovens do interior do Estado e da Amazônia. Portanto, 2023 nos deve mobilizar para assegurar o repasse legal de nossas contribuições à sociedade.
A iniciativa da Suframa/UFAM nada mais é que uma política pública voltada para esse fim. Ora, o resultado dessa iniciativa contém diagnósticos e proposições, assim como o recente debate/recomendação de todos os atores do produtivo mais a representação do governo do Amazonas, no início de dezembro na sede da FIEAM, para desenhar uma plataforma de desenvolvimento regional sustentável. Ideias e recursos para tanto não representam problemas e sim as soluções, com transparência e persistência no rumo da mudança sem tardança
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