O ministro Marco Aurélio, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou, em entrevista ao Correio, as ofensas dirigidas ao seu colega de Corte, Luís Roberto Barroso, pelo presidente Jair Bolsonaro. Nesta sexta-feira (9/7), em conversa com apoiadores, o chefe do governo chamou Barroso de “imbecil”, pelo fato de o magistrado, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ser contrário ao voto impresso. Marco Aurélio também condenou as ameaças de Bolsonaro à realização das eleições de 2022 e afastou a possibilidade de um golpe de Estado.
O mais novo ataque do chefe do Executivo ao ministro Barroso e ao STF foi feito na saída do Palácio da Alvorada. “Lamento falar isso de uma autoridade do Supremo Tribunal Federal. Um cara desse tinha que estar em casa”, disse o presidente, logo depois de chamar o magistrado de imbecil.
Na conversa com os apoiadores, Bolsonaro voltou a cogitar a possibilidade de não haver eleições no ano que vem, caso o Congresso rejeite a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o voto impresso, de autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF). Sem apresentar provas, o presidente reiterou questionamentos à segurança da urna eletrônica.
Para o ministro Marco Aurélio, a fala de Bolsonaro não condiz com a postura republicana que os ocupantes de cargos públicos devem adotar. “(Isso) só revela a existência de tempos estranhos, e, evidentemente, há que se buscar a temperança, a urbanidade. É algo que foge ao contexto republicano”, disse Marco Aurélio.
O decano também defendeu a segurança da urna eletrônica e lembrou que Bolsonaro foi eleito com a utilização desse sistema. “O voto impresso, eu já tive oportunidade de me pronunciar, inclusive. Eu atribuo ao que é veiculado a arroubo de retórica. O presidente foi eleito mediante esse sistema, que é o sistema da urna eletrônica, que preserva a vontade do eleitor”, disse Marco Aurélio.
Sobre a possibilidade de haver um golpe de Estado no país, o magistrado disse que ela não existe. “O Brasil não corre risco de virada de mesa, porque o povo não quer a virada de mesa. E todo poder emana do povo. E as instituições estão funcionando, isso que é importante, e precisamos preservar as instituições. Acima de qualquer um de nós, ocupantes de cargo público, está a instituição”, afirmou o decano.
Fonte: Correio Braziliense
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