O avanço do garimpo na Amazônia está ameaçando cada vez mais a condição de Povos Indígenas Isolados na floresta. Thiago Domenici abordou n’A Pública a situação dos Moxihatëtëma, grupo isolado que vive na Terra Indígena Yanomami: imagens e documentos mostram garimpeiros atuando a apenas 12 km de distância dos únicos indígenas em isolamento voluntário nessa reserva.
Um levantamento da FUNAI no ano passado mostrou que os Moxihatëtëma podem estar em declínio: pelo menos três famílias desapareceram entre uma contagem e outra, o que sugere a possibilidade de que os indígenas tenham sido forçados a deixar suas terras – ou, pior, que tenham sido vitimados por conflitos ou doenças trazidas pelos garimpeiros.
Na Terra Indígena Piripkura, a situação é ainda mais dramática, pois a proteção legal da área está prestes a vencer e a FUNAI ainda não sinalizou uma renovação. A portaria que restringe o uso dessas terras ao Povo Piripkura, que vive isolado no norte do Mato Grosso, vence no próximo dia 18. Nos últimos meses, a área virou alvo de garimpeiros, que chegaram a lotear o território para exploração de ouro. Fernanda Wenzel, Pedro Papini e Naira Hofmeister descreveram a situação na Folha. N’O Globo, Míriam Leitão abordou a questão das portarias da FUNAI e a falta de vontade do governo Bolsonaro em renová-las.
Enquanto isso, o julgamento da tese do marco temporal para demarcação indígena no Supremo Tribunal Federal (STF) pode ser novamente adiado. Segundo informa Mônica Bergamo na Folha, a análise do caso deve ser retomada nesta 4ª feira (15/9), mas um dos membros da Corte deve pedir vista, o que suspenderia indefinidamente o julgamento.
Em tempo: Tradicionalmente, os estados mais afetados pelo desmatamento são os que se encontram na “borda” da floresta, como Mato Grosso e Pará. No entanto, nos últimos tempos, os índices de destruição florestal dispararam no Amazonas, localizado no coração da floresta. Na Folha, Phillippe Watanabe mostrou a preocupação de pesquisadores com essa tendência. “O Amazonas me assusta mais por ter uma área muito grande de Terra Pública que está ali, ao léu, sem governança”, observou Ane Alencar (IPAM). “É uma área pouco ocupada, e há o medo de que seja invadida e perdida para grileiros”.
Fonte: ClimaInfo
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