Coluna Follow-Up
O Diálogos Amazônicos, momento de análises e debates com celebridades amazônicas e do cenário nacional, tem 20 edições programadas para este ano e já estamos na 12° edição. Produzimos um documento preliminar que está disponível no site da escola de economia da Fundação Getúlio Vargas. A ideia está centrada naquilo que ouvimos em muitos diálogos do Denis Minev e Daniel Vargas em artigo no Estadão, reforçando que não há saída para Amazônia que não seja o desenvolvimento.
Obviamente, nos referimos ao desenvolvimento sustentável e, mais do que isso, nós observamos, depois de 12 lives, aqui nos Diálogos Amazônicos, em um termo cunhado pelo Igor Calvet, presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) que a Amazônia é o nosso bilhete premiado e que pode ser o pilar central de novo ciclo de desenvolvimento brasileiro.
A Amazônia é a metade do território nacional a qual temos dado as costas e debatido muito pouco. Seria muito interessante darmos vozes a esse debate. O documento contextualiza o tema, mostra a importância da Amazônia entrar no centro do debate nacional seja pelas discussões de mudança climática, seja pelas discussões do mundo, da nova economia e do mundo pós-pandemia, seja pelos potenciais da bioeconomia e biotecnologia ou na necessidade de segurança jurídica.
O documento mostra em detalhes uma evolução do desmatamento. Nós levantamos dados desde 1977 até hoje. Além disso, mostra a evolução desse desmatamento por estado e tem uma relação muito interessante: os estados que mais desmatam são os estados mais extrativistas e os estados que menos desmatam, têm um valor adicionado da produção industrial, da indústria de transformação, maior. Isso já é uma pista de que só o desenvolvimento salva a Amazônia.
Outro ponto interessante do documento são os grandes números que já existem no polo industrial na região e hoje os dados atualizados da Suframa mostram o que o PIM (Polo industrial de Manaus) tem em torno de cem mil empregos diretos. Considerando o efeito multiplicador, estamos falando de mais de 400 mil empregos diretos, indiretos e induzidos. Estamos falando de um faturamento de 120 bilhões de reais por ano. Isso certamente pode ser uma referência para as nossas funções.
É muito comum associar Amazônia, Amazonas, Polo Industrial de Manaus, Zona Franca de Manaus à fardo e custos. De fato há incentivo fiscal mas também a região é muito produtora de recursos financeiros. A grande ideia é a utilização desses recursos para o desenvolvimento de toda a Amazônia brasileira. A grande questão é que, infelizmente, a Zona Franca de Manaus ficou muito circunscrita à Manaus e gerou pouca externalidade para o interior da Amazônia.
É possível recuperar esse modelo, mudar a governança dos recursos, mudar as metas do programa e incluir metas de redução de desigualdades sociais. No documento estão os 15 municípios com pior IDH do Brasil e eles estão na Amazônia Legal na ordem do pior para o 15º pior município brasileiro.
Sabendo disso, gostaria de deixar duas perguntas para reflexão até o final da edição Diálogos da Amazônia em novembro, a saber:
1.Como promover o desenvolvimento da Amazônia, preservando o meio ambiente e promovendo a descarbonização da economia, ao mesmo tempo, melhorando a qualidade de vida da população da região?
2. Como promover a diversificação produtiva, gerar emprego de qualidade e estimular a bioeconomia de modo menos dependente de incentivos fiscais federais?
O documento se propõe a responder essas duas perguntas e está também disponível no site da Escola de Economia de São Paulo(EESP) da Fundação Getúlio Vargas em Diálogos Amazônicos.
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