Os reflexos para a administração pública e para o próprio cotidiano manauara, e até para o interior do Amazonas, deveriam ser pauta de planejamento a longo prazo desde agora. Não serão reflexos desprezíveis.
Juarez Baldoino da Costa
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No 1º. de março de 2073, caso seja de fato o dia seguinte ao término da ZFM – Zona Franca de Manaus, as indústrias deverão estar em processo de desativação de suas operações, provavelmente depois de intensa atividade nos meses anteriores, nos quais promoveram forte contratação de pessoal que deverá ter feito ainda horas extras ao máximo, causando especial movimentação de entrada de insumos e saída de produtos acabados até com congestionamento na logística em Manaus.
Não será gradual por princípio, porque os incentivos serão de 100% aplicados até a última NF de venda, e sendo atividade industrial com investidores que buscam a maximização dos resultados, as fábricas vão aproveitar ao máximo os benefícios fiscais para poder manter os preços de venda de seus produtos no menor nível e em maior volume possível por algum tempo, até iniciarem a fabricação em outros locais do Brasil ou receberem as importações.
Esta atitude racional causará na verdade uma aceleração de atividades nos estabelecimentos existentes, semelhante talvez ao chamado “último suspiro”; desaceleração haverá, mas somente no nível de instalação de novos empreendimentos que será diminuído ano a ano conforme se aproxime o ano de 2073.
A produção industrial residual em Manaus após 28/02/73 é até previsível, mas ocorreria por descuido de planejamento.
Todas as instalações civis das fábricas incentivadas estariam disponíveis simultaneamente, já que as novas atividades fora do conceito do PIM – Polo Industrial de Manaus, que se espera já estarão ocorrendo neste cenário futuro, estarão sendo materializadas em outros espaços e edifícios, e se estiverem também em Manaus, não poderão estar concorrendo com as indústrias incentivadas que não poderão ceder suas instalações.
Conforme avança o calendário, estas questões certamente serão equacionadas, mas a gradualidade que deverá ocorrer na crescente implementação de novas atividades e tecnologias na economia, não corresponderá à decrescente atividade incentivada a ser eliminada que não será gradual, mas inteligentemente abrupta.
Com as tecnologias a cada momento mais avançadas e com produtos cada vez mais sendo oferecidos com menor ciclo de vida entre o tempo de criação e de consumo, associado à necessidade de custos cada vez menores, a ZFM será atrativa mesmo que para períodos mais curtos de duração. Isto permitirá que até a esperada diminuição do ritmo de investimentos no PIM não diminua tanto como pareceria.
O retorno de capital sendo obtido cada vez mais cedo, permitirá implantação de indústrias também com períodos de vida mais curtos do que a média atual.
Os reflexos para a administração pública e para o próprio cotidiano manauara, e até para o interior do Amazonas, deveriam ser pauta de planejamento a longo prazo desde agora. Não serão reflexos desprezíveis.
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