“Cabe lembrar, no contexto da qualificação de recursos humanos, que a indústria mantém integralmente a Universidade do Estado do Amazonas , presente nos 62 municípios do maior estado da federação.”
Alfredo Lopes
Proporcionalmente à população da capital amazonense, o PIM, Polo Industrial da Zona Franca de Manaus, é o mais destacado do país no nível educacional dos seus trabalhadores. Aqui, na indústria de transformação, estão trabalhando mais de 70% de colaboradores com ensino médio completo e, entre todos eles, encontramos mais 12% com ensino superior concluído. Cabe lembrar, no contexto da qualificação de recursos humanos, que a indústria mantém integralmente a Universidade do Estado do Amazonas , presente nos 62 municípios do maior estado da federação. Os acertos não param por aí. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, outro dado relevante relacionado aos indicadores de desempenho, refere-se à renda per capta da população: seria a metade da renda atual se não houvesse o programa ZFM. Estes dados podem ser encontrados no portal da FGV. Trata-se do mais rigoroso estudo sobre a ZFM. https://eesp.fgv.br/sites/eesp.fgv.br/files/estudos_fgv_zonafranca_manaus_abril_2019v2.pdf
É hora da diversificação da economia
Havia apenas uma universidade pública em 1967, contra 40 Instituições de Ensino Superior em nossos dias. Há 53 anos só existia a Fundação Universidade do Amazonas, fundada nos estertores do Ciclo da Borracha, em 1906, quando a economia do látex da Amazônia comparecia com 45% do PIB do Brasil. Infelizmente, apesar desta contribuição, o Brasil não foi capaz de instalar uma infraestrutura de beneficiamento para industrializar na região os artefatos de borracha, os pneus, especialmente.
Os ingleses agregaram 60% de valor ao seu parque industrial beneficiando e industrializando a borracha, enquanto ficamos literalmente a ver navios após o plantio extensivo de seringueira nos domínios tropicais da Inglaterra de 1900. Hoje, com uma província mineral gigantesca, recheada do precioso nióbio, entre outros metais nobres, além de 20% do banco genético, poderíamos contribuir com mais de 5 vezes do que o desempenho do agronegócio na balança comercial brasileira, segundo cientistas que estudam nossas potencialidades. Não para substituir mas para diversificar a economia do Polo Industrial de Manaus, que gera muito mais do que 500 mil empregos.
Vamos debater as críticas à ZFM
Precisamos prestar atenção nas críticas que esta modelagem econômica recebe e mapear eventuais mudanças de percurso no Programa ZFM em suas justificativas originais. Quando o Brasil formulou uma política de Estado para esta região remota, onde, ainda hoje só se chega pelos rios ou pelos ares, a justificativa era integrar a Amazônia ao mapa do Brasil.
Por isso, nos anos 60 e 70, foi desenhada e se iniciou a implantação da Transamazônica e a Transnordestina, e planejada a Ferrovia Norte-Sul. Concordamos que é incompreensível, num olhar apressado, construir um parque industrial moderno e diversificado longe do mercado consumidor. Longe? Longe é a China que fica do outro lado do mundo e seu governo entendeu que investir em infraestrutura é o xis da questão.
Se não temos rodovia nem ferrovias, não cabe ao setor produtivo resolver essa deficiência competitiva. Alguém não fez sua parte. Mais da metade da riqueza aqui produzida é transferida aos cofres federais. E a reivindicação insistente das entidades da indústria é destinar 5% dos valores aqui recolhidos para infraestrutura logística portuária e de transportes. Além de comunicação mais rápida e de valo acessível e uma oferta de energia distribuída satisfatória, claro.
Ferrovia Norte-Sul: 25 anos de espera
A Ferrovia Norte-Sul (EF-151), uma ferrovia longitudinal brasileira, em bitola larga, foi projetada para ser a espinha dorsal do sistema ferroviário nacional, interligando as principais malhas ferroviárias das cinco regiões do país. Está em obras há um quarto de século. São 25 anos de recursos descarrilhados.
Seu projeto atual, recém leiloado, foi concebido num eixo norte-sul na região central do território brasileiro, possibilitando a conexão entre as malhas ferroviárias que dão acesso aos principais portos e regiões produtoras do país, que até então estavam regionalmente isoladas.
Quando concluída, possuirá a extensão de 4.155 quilômetros e cortará os estados de Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, conectando os extremos do país. Para o Amazonas, essa opção permitirá descer o rio com navios e balsas de contêineres até Belém e depois fazer o transbordo para o trem até o Sudeste consumidor. Sonhar é preciso.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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