Há um clima de dever cumprido na celebração discreta dos 22 anos da Fundação Paulo Feitoza FPF-Tech, um polo de inovação para ajudar o Polo Industrial de Manaus a avançar na Indústria 4.0. “Nossa equipe, com mais de duas centenas de meninas e meninos talentosos, vivem no limiar que separa a utopia da realidade”, diz Luís Braga, sem disfarçar seu contentamento na direção dessa trupe de artesãos da tecnologia aplicada. E arremata: “Vale lembrar que os colaboradores são nativos em sua maioria, amantes do peixe com farinha. Isso faz a maior diferença na avaliação de resultados”. Confira a entrevista e tudo que você precisa saber para inserir seu empreendimento na Quarta Revolução Industrial.
Por Alfredo Lopes
Luís Braga(*)
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Entrevista com Luís Braga, diretor-executivo da FPF-Tech
1. BrasilAmazoniaAgora: Fundação Paulo Feitoza-Tech 22 anos. Qual o significado desta data dentro do contexto de desenvolvimento regional a partir do qual foi instalada a Zona Franca de Manaus há 54 anos?
Luís Braga: o projeto técnico e educacional da FPF foi inspirado trajetória cívica e comprometida da família Feitoza, cujo decano, desembargador Paulo Feitoza, ex-presidente do TJA, sempre atuou em linha a evolução educacional e tecnológica da sociedade amazonense. Por isso, sua inquietação em fazer valer a Lei, o Decreto 288/67, que criou o programa Zona Franca de Manaus, inserido na Carta Magna de 1988. A grande contribuição da FPF Tech para a evolução da Zona Franca de Manaus foi e continua sendo trabalhar no desenvolvimento das soluções tecnológicas capazes de alavancar a economia no formato mais promissor. Nosso desenvolvimento está exponencialmente ligado à apropriação e evolução dos parâmetros tecnológicos e de inovação do setor produtivo local e regional. Quando nós iniciamos havia ainda o estigma de que aqui apenas montávamos ou só deveríamos montar partes e peças. Tanto que os colaboradores da indústria tinham um perfil de ensino médio com cursos técnicos para este fim. Com a legislação de incentivos à priorização/ampliação de P&D, as condições de avançar nosso trabalho foram colocadas. A partir daí, instituições como a Fucapi, as próprias universidades, além da FPF, em virtude das demandas da indústria, determinaram a construção de um novo patamar produtivo na direção da indústria 4.0. Essa política fiscal voltada para a agregar valor por inserção tecnológica – um caminho que deu certo em todas as partes do mundo – começou a ser entendida e aplicada no setor produtivo de Manaus e região. Foi assim que nós crescemos e aparecemos no sentido do incremento ao desenvolvimento regional, como determina o expediente constitucional no desafio de reduzir desigualdades regionais.
2. BAA – Esta trajetória já está presente no cotidiano das indústrias e de outros setores da economia. Em que atividades, mais frequentemente, a FPF-Tech tem atendido o setor produtivo?
L.B. – É gratificante poder dizer que hoje já estamos montando laboratório de automação/ indústria 4.0 e treinando os colaboradores das empresas para assumir a nova rotina com menos custo e maior competitividade, nosso maior gargalo. E este é apenas um exemplo: o cardápio de serviços é extenso e segue crescendo. Nossa equipe, com mais de duas centenas de colaboradores, meninas e meninos talentosos, vivem no limiar que separa a utopia da realidade. É um clima de indústria 4.0 em movimento. No desafio de resguardar a economia, em tempos de Covid-19, descobrimos modos de evitar a tragédia social, ficando mais perto da indústria criando soluções que ajudar as empresas a seguir trabalhando com segurança. Por causa disso, e também dentro das condições objetivas de trabalho seguro, não paramos de trabalhar. Vale lembrar que os colaboradores são daqui, nativos em sua maioria, amantes do peixe com farinha. Isso faz a maior diferença na avaliação de resultados.
3. BAA – E quais são as projeções para o futuro, especialmente considerando o iminente desembarque da Bioeconomia, Biotecnologia, como mais um polo Industrial na planta de Manaus?
L.B. – Mais um polo, claro! É o conjunto deste arranjo industrial que propicia nossa virada tecnológica. Além da Biotecnologia, teremos com certeza o polo mineral, que nos deve impor a responsabilidades de planejar soluções inovadoras de beneficiamento local para determos essa vocação histórica de exportar produtos da biodiversidade in natura. No setor de Bioeconomia, ou em qualquer outro que exija agregação de valor em tecnologia e inovação, precisamos estreitar a interlocução do chão de fábrica com o universo acadêmico e demais instituições de pesquisa e serviços. A cultura da fragmentação do conhecimento e da produção precisa ser revista e, em muitos casos, substituída pela cultura da interação multidisciplinar. Isso não significa que todos devem entender de tudo. Entretanto, a formação acadêmica básica deve prever a capacidade de interlocução colaborativa desde a graduação. Em todas as instituições avançadas de pesquisa do planeta essa interdisciplinaridade científica e tecnológica é rotina.
4. BAA – Como a FPF-Tech pretende se integrar na paisagem da indústria produtiva e do conhecimento que se vislumbra para nossa região?
L.B. – Com mais de cinco décadas de ensaios, acertos, erros e resultados, pesquisadores, investidores e colaboradores avançamos a passos largos este programa de desenvolvimento regional chamado Zona Franca de Manaus. Há duas décadas, quando surgiu a FPF, sequer sabíamos o que era a Quarta Revolução Industrial. O que fizemos foi ficar atentos, no modo proativo, para atender às demandas da indústria ou influenciar a incorporação de soluções, conhecimento e tecnologias para aumento de produtividade e competitividade. Essa é a fórmula do crescimento. Foi assim que nos especializamos em Industria 4.0 (Implementação de Projetos e Programa de Capacitação; Desenvolvimento de Software e Hardware; Pesquisa Operacional; Inteligência Artificial; Realidade Aumentada; Segurança Cibernética; Internet das Coisas; Cloud Computing; Lean Manufacturing; Design Thinking; Big Data; Scrum, Kanban, Lean Startup.
(*)Luís Braga: Profissional com formação em computação, especialização em gestão de projetos, empresas e negócios, atua como Diretor Executivo da FPF Tech – Fundação Desembargador Paulo Feitoza. Atua no mercado de tecnologia há mais de 28 anos, como programador, analista, líder de equipes e gerente de projetos.
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