“Trabalhando juntos e precisando acertar, vimos que o caminho da Solidariedade, nos sentidos literais e da objetividade premente, era o único, entre os possíveis, que nos daria afinidade e clareza de propósitos. E assim se deu.”
Entrevista com Luiz Augusto Barreto Rocha(*)
FOLLOW-UP: A Covid-19 não se foi completamente mas os destroços de sua passagem estão dando lugar a novos propósitos, iniciativas, realizações. Juntou as entidades de classe da Indústria, juntando olhos, braços e instrumentos em nova rota de superação e protagonismo civil. Qual o papel do CIEAM neste movimento.
Luiz Augusto Barreto Rocha: Fizemos da pandemia uma linha de produção de saídas. E o CIEAM foi um dos itens catalisadores dessa mudança. Em seus 41 anos, vem à lembrança o legado de Mário Guerreiro, nosso fundador. Suas recomendações estão presentes no Comitê Indústria ZFM Covid-19. E vão ficar na história do compromisso de nossa entidade com o Amazonas. Entretanto, hoje fica difícil de falar sobre o CIEAM separadamente. Sem perder nossa identidade, hoje somos parte integrante de um todo em movimento ao qual estão integrados FIEAM, ELETROS e a ABRACICLO e seus respectivos times. Quando se instalou a pandemia tínhamos pouco tempo para saber o que fazer e em que acreditar. Como empresário do setor têxtil me vinha à mente a imagem dos fios e a urgente questão sobre que novelos priorizar, para onde ir, com quem e o que compartilhar. Trabalhando juntos e precisando acertar, vimos que o caminho da Solidariedade, nos sentidos literais e da objetividade premente, era o único, entre os possíveis, que nos daria afinidade e clareza de propósitos. E assim se deu.
FUP: Pessoalmente, o que mais lhe assustou como dirigente de entidade de classe?
LABR: O susto da desorientação passou. Este ano, 60 anos de FIEAM e 41 anos de CIEAM, não faremos festa. A grande festa é estarmos vivos, inteiros e dispostos a seguir o caminho que se delineou â frente de todos nós. Naquela hora de pânico, o que mais nos assustava, claro, era a perda, muitas perdas de vidas humanas, da qualidade de vida das pessoas, do fantasma da fome e das moléstias da violência. Sequer tínhamos uma bala de prata. Apenas o voluntariado solidário. Podemos dizer que, movidos pela força dessa jornada fraterna, é que nos sobrevivemos e estamos avançando.
FUP: E daqui pra frente, tudo vai ser diferente?
LABR: O mesmo não existe. Seja até na mais imutável rotina, cada dia é um novo dia. Por isso não nos reconhecemos mais no velho espelho. Quem poderia imaginar que as principais lideranças do Polo Industrial de Manaus construiriam juntas uma saída tão fecunda de planos, ideias e realizações? No limite, se fosse preciso, removeríamos tudo aquilo que estivesse ao alcance da força motriz dessa comunhão. Trocamos o comodismo pelo propósito. Em lugar de ficar em casa, esperando o vírus passar, criamos saídas, produzimos equipamentos de proteção para os nossos heróis da linha de frente e de combate à Covid-19. Assim, crescemos em dignidade, em capacidade de reagir e nos vimos fortes, bem mais fortes.
FUP: Quais são os próximos passos, quais são os novos obstáculos?
LABR: Continuamos e a história vai registrar que seguimos aliançados. Isso significa abrir mão do “eu faço e aconteço” em nome do “eu sugiro, nós debatemos, aprovamos já com as mangas arregaçadas”. Por isso, nosso propósito é seguir vigilantes com a Reforma Tributária, onde não existimos como Programa ZFM de desenvolvimento em nenhuma das propostas existentes e temos brecha nas proposições “fatiadas” até aqui apresentadas timidamente pelo governo federal. O que se ensaia são mais complicações do que respostas de que o Amazonas precisa para seguir trabalhando. Queremos continuar atuando com os parlamentares do Estado e apostamos na expansão regional desta trincheira Pró-Amazônia.
FUP: Esta é, então, a melhor forma de celebrar os 41 anos do CIEAM?
LABR: Do CIEAM e da FIEAM, 60 Anos. Há uma festa em preparação, ao menos em nossos corações, que é o centenário em outubro próximo do Dr. Mário Guerreiro, a quem devemos um legado de compromisso com o Amazonas, com a Amazônia e com este grande Brasil. Em 1979, o Dr. Mario Expedito Guerreiro liderou um grupo de empresários com quem fundou o CIEAM. Um trabalho associativo desde o início integrado com a FIEAM, nossa entidade irmã. Fazemos, então, neste momento, uma homenagem aos Presidentes do Conselho Superior da Entidade, a começar por Mário Guerreiro, Edgar Monteiro de Paula, Francisco Garcia, Bruno Caloi, Daniel Feder, Rogério Amato, José Renato Santiago, Iuquio Ashibe e Maurício Loureiro. É um especial privilégio dar sequência a essa caminhada pelo nosso crescimento integral e integrado. Juntos e compromissados, queremos colocar esta terra, a nossa terra, de todos aqueles que aqui labutamos, num patamar de cidadania e prosperidade econômica e social.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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