Há seis anos o Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) apostou em abrir espaços na mídia do Sudeste para divulgar alternativas de novos investimentos e prestar contas ao contribuinte do Brasil o fazemos com 8% da contrapartida fiscal que movimenta a Suframa em toda a Amazônia Ocidental e o Estado do Amapá. Nesse período, com destaque para os jornais impressos e suas versões digitais, publicamos, entre outros veículos como Folha, Valor, Estadão, Infomoney/Bloomberg, mais de uma centena de ensaios do presidente Wilson Périco, com sua pena afiada e corajosa, pedindo passagem e respeito à economia do Amazonas e da Amazônia, seus acertos, desafios e contradições.
Publicado pelo DCI (Diário do Comércio e Indústria), este novo apelo é oportuno e legítimo de uma liderança que defende, com paixão e rigor a ZFM, o Amazonas e a Amazônia neste momento de ameaças e oportunidades que o governo liberal nos apresenta. Confira.
A economia do Amazonas pede passagem
Wilson Périco (*) [email protected]
É imperativo buscar no passado essa relação, às vezes complicada, entre o Brasil e Amazônia, para compreender os paradoxos do presente. Precisamos lembrar que, durante três décadas, de 1880 a 1910, com o I Ciclo da Borracha, contribuímos com 45% do PIB do Brasil. Já naquele momento ajudávamos a levar o País nas costas. Não fizemos o dever de casa, que seria construir, com a riqueza aqui gerada, uma infraestrutura industrial, em lugar de exportar matéria-prima. Depois, já na II Guerra Mundial, com o II Ciclo da Borracha, tivemos uma participação menor no PIB, porém, perdemos novamente o bonde das oportunidades de estruturar a economia da borracha. Preferimos ver navios ingleses rumo a seus domínios tropicais.
Desafio amazônico
Em 1967, foi criada, no Regime Militar, a Zona Franca de Manaus, pelas mãos do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, então Presidente da República, atendendo demandas das classes produtoras locais. Até então, com a atividade econômica tímida, dependíamos quase integralmente das migalhas federais. Passados 52 anos, temos orgulho de ter cumprido nossa parte, gerando emprego e renda para redução das desigualdades regionais, proteção da floresta e seus preciosos e gratuitos serviços ambientais, para o país e para o planeta. Os empregos gerados a partir de Manaus, estima-se, são mais de 2 milhões, na somatória de postos de trabalho ao longo de toda a cadeia produtiva dos itens aqui fabricados. Quem consegue um desempenho deste calibre com apenas 10%, segundo a Receita Federal, da renúncia fiscal do País? Aliás, isso não é renúncia, é contrapartida, pois o Amazonas é um dos 8 estados que mais recolhe do que recebe dos cofres da União. Somos, pois, um excelente negócio para o país.
Remédio amargo
Qual o sentido de confiscar a riqueza gerada com incentivos de uma região remota e empobrecida? A Carta Magna autoriza nossa contrapartida fiscal sob o argumento dessa redução das desigualdades regionais. Entretanto, mais de 54% daquilo que as empresas geram de riqueza é confiscado pelo Caixa Único. Estamos dispostos a encarar o amargo da mudança, aliás, já temos a questão dos concentrados e até os incentivos da SUDAM como exemplo desse “remédio”, ou seja, a dose de remédio que compete ao Estado do Amazonas para curar o País já foi dada. Só queremos que seja respeitada a Lei.
Transferência e participação
Por isso faz sentido exigir que a Suframa recupere a autonomia institucional, administrativa e financeira. Não podemos ficar à mercê de burocratas que definem o que pode e o que não pode ser fabricado em Manaus. Chega de depender de conchavos dos ambientalistas que boicotam a recuperação da BR319, construída em 1975, pelo Governo Militar e, há duas décadas, abandonada pela União. Estamos otimistas, acreditamos que, sem prejuízo das regiões mais empobrecidas, o estado burocrático tem que ser reduzido. Acreditamos que haverá maior transparência, maior participação da livre iniciativa, concorrência saudável, diversificação e regionalização da economia, ampliação de negócios e de novas oportunidades, as quais não temos razão alguma para deixar passar, e desperdiçar a construção da prosperidade geral como fizemos historicamente. Mãos à obra.
(*) Wilson Périco é economista, presidente do CIEAM Centro da Indústria do Estado do Amazonas e Vice-presidente da Technicolor para a América Latina.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
Comentários