Sob o comando acadêmico e empresarial que o descreve, o diretor da Coordenação de Logística da Fieam/Cieam, Augusto César Barreto Rocha, que também responde pela coordenadoria de infraestrutura das entidades, e com apoio ostensivo da Aliança, Bertolini, Bicho da Seda, Grupo Simões e Recofarma, ocorreu nesta terça-feira, 17, na sede do Cieam, o II Fórum de Logística da Indústria, com a temática ‘Integração das cadeias de suprimento’. Trata-se de uma iniciativa das mais oportunas pois responde a uma demanda coletiva das empresas que se debatem com os gargalos e negligenciados embaraços de operação logística na Amazônia.
Não temos porto público para o III PIB industrial do País, apesar de recolher mais da metade da riqueza aqui produzida aos cofres federais. Nossa energia tem distribuição cara e precária e a comunicação atende pelo paradigma quelônio, das tartarugas, lenta e cara.
Os modais logísticos
O I Fórum, ao final do ano passado, teve como propósito entender o panorama dos diversos modais em nossa cidade industrial. Foi possível mais uma vez identificar que temos um crônico problema de infraestrutura e não de distância dos grandes centros produtores ou consumidores, mas precisamos seguir a viver e conviver com este problema.
Nesta nova edição foram convidadas empresas que possuem o foco na agregação dos serviços de transporte com serviços que fazem a entrega de algo mais que o simples transporte. Nesse contexto, caberá descrever o que o sistema do Super Terminais tem feito para entregar algo mais que um serviço portuário, assim como a Aliança Navegação expôs o que já pode fazer, além do transporte aquaviário. O mesmo se aplica aos serviços da Larifo e Expeditors, no processo de despacho da produção do Polo Industrial de Manaus, do almoxarifado do fornecedor ao almoxarifado da fábrica e da expedição ao cliente final.
Criatividade e embaraços
Durante o evento serão usados termos como 1PL: o fornecedor; 2PL: o comprador; 3PL: operador logístico terceirizado; 4PL: gestor da cadeia de suprimento. Estes conceitos serão demonstrados com as soluções, pois expandir os serviços, integrar as cadeias de suprimento, reduzir os estoques e prazos de armazenagem e de produção, reduzir os custos, reduzir o ciclo de caixa, aumentar a eficiência é o que nos resta fazer para buscar uma compensação para ficar vivos, porque temos enormes deficiências de infraestrutura em nossa cidade industrial e não parece haver perspectiva ou interesse real na superação destas deficiências.
O que importa às entidades é sistematizar e partilhar a contribuição das empresas para as empresas, com a identificação de oportunidades de redução de custo ou de ganho de eficiência. A presença ativa de empresários e gestores fazendo as perguntas certas proporciona oportunidades para as empresas prestadoras de serviço compreenderem um pouco mais das necessidades do setor.
As taxas da Infraero
Buscamos, ainda, demonstrar para a gestão federal o que significam as dificuldades de empreender numa região remota. E mais: a falta de coerência que existe na mesma cobrança de taxas como as de energia, portuárias, fiscais, numa planta industrial que não goza das primazias de infraestrutura de outras regiões. Por isso, estamos buscando alguns órgãos do governo para expor nossas peculiaridades e percalços cotidianos. Um exemplo é a Infraero, por seu impacto na planilha de custos logísticos das empresas, alcançando aqueles que geram empregos e riqueza na região. Em fase de privatização, a Infraero, a empresa estatal que cuida da estrutura aeroportuária do país, usava o critério de preço mínimo e, dessa vez, foi adotado o preço máximo, com reajuste bem acima da inflação que ficará abaixo de 4% neste ano.
Paraíso do Fisco
O Amazonas está submetido a um regime fiscal de exceção, gerido pela Suframa, que desfruta 8% da renúncia fiscal do Brasil, distribuída pelos Estado do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e Amapá, enquanto os Estados do Sudeste utilizam 52,07%. Cabe anotar que o Amazonas contribui com 41% da Arrecadação Federal da Amazônia inteira e 67% da Amazônia Ocidental. E segundo dados da FEA USP, a União confisca 54,42% de toda riqueza aqui gerada. Em outras palavras, a riqueza pela ZFM, destinada a redução das desigualdades regionais, é confiscada pelo governo federal. Trata-se, pois, de um ajuste abusivo, posto que foi aplicado ao setor produtivo mais castigado pela recessão da qual estamos saindo após desgaste sem precedentes.
Ar puro
Temos recebido o reconhecimento de nossa performance ambiental por parte da União Europeia. A Organização Mundial do Comércio reconhece nossos esforços, os benefícios que propiciamos ao ambiente e ao clima, conservando quase integralmente nossa cobertura florestal. Isso é possível por que a economia do Amazonas oferece empregos, evitando assim a depredação ambiental. Não faz sentido que as empresas públicas que atuam na Amazônia não levem em conta as dificuldades de empreender na região e não compartilhem esse ônus, para poder fazer jus ao bônus que devemos exigir por oferecer serviços ambientais tão determinantes e preciosos a saúde climática do planeta. Que tal integrar-se com inteligência e sintonia com esse desafio de fortalecer nossa economia, não apenas com a redução das taxas injustas que nos são impostas, mas também juntarem-se ao setor produtivo desta região para podermos gritar juntos que ajudamos o mundo a respirar melhor.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
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