“Manaus não é longe!” Este foi o mote de abertura do professor Augusto César, empresário e doutor em engenharia de produção e responsável pelo Comitê de Logística das entidades do setor produtivo, Cieam/Fieam, ao iniciar o Fórum de Logística Industrial da ZFM, na terça, dia 7. Manaus não é longe. Longe e inaceitável é a omissão daqueles que deveriam usar a riqueza produzida pelas empresas aqui instaladas para atenuar os gargalos portuários e logísticos que comprometem a competitividade da economia regional.
Ao longo dos debates e apresentações das empresas e entidades públicas convidadas, foi ficando claro que a dificuldade logística da Zona Franca de Manaus está associada à falta de ação na remoção das carências de infraestrutura e não à distância, ou as condições geográficas e estruturais da região. Com a contribuição de representantes do modal aéreo, rodofluvial e aquaviário, o debate foi mostrando a importância da troca de informação e de disposição geral para entender e resolver os problemas de transporte que tem espalhado danos e atraso para o desenvolvimento da Amazônia e a integração de sua economia ao resto do país.
Ignorância ou má fé
Sob encomenda, a ignorância e desprezo pela ZFM continua a alimentar o jogo mesquinho de alguns setores da indústria no Sudeste do país. Pior do que isso. Esses setores repercutem as instruções de outros segmentos, que atuam dentro do governo, para atingir a economia do Amazonas, a renúncia fiscal da ZFM. Eles utilizando mídia de aluguel, tentam demonizar a existência e a resiliência das empresas aqui instaladas. Fazem questão de minimizar os benefícios da ZFM que ajuda a manter intacta mais de 90% de sua floresta, com 150 milhões de hectares.
De costas para esta região, o Brasil não valoriza esta contrapartida, talvez o único ativo ambiental que o pais poderia apresentar na COP23, da ONU, iniciada na Alemanha. O Amazonas não teve estrutura nem proposta pala levar a Alemanha uma contribuição objetiva e descrever para os participantes da COP23 que o Amazonas, antes de qualquer Acordo do Clima, graças a ZFM, preserva a maior reserva florestal e nativa do planeta.
Paradigma do futuro
O mundo vai caminhar na direção de promover uma economia sustentável, como faz a ZFM há 50 anos, uma economia sem chaminés que gera receitas generosas para a prospecção de bioprodutos, ambientalmente sustentáveis como a indústria aqui instalada. Qual o sentido do Brasil defender o paradigma de expansão do atual modelo do agronegócio do Centro-Oeste para a Amazônia?
O Centro-Oeste já sabe que, muito em breve, a certificação da carne, além de sanitária, não escravagista e socialmente justa, tem que ser ambientalmente equilibrada, como preconizou Samuel Benchimol. Eles precisam incorporar o padrão ZFM e não o contrário. Cabe, também, lembrar que o Centro da Indústria do Estado do Amazonas tem-se mobilizado para precificar este ativo, os serviços ambientais do Polo Industrial de Manaus.
Colocar preço no serviço ambiental, propiciado pela economia instalada no Amazonas, é um dos seus inúmeros benefícios para justificar renúncia fiscal, além da qualificação acadêmica paga pela indústria, que a UEA executa, bem como as verbas de mais de R$ 1 bilhão/ano, para promover a economia sustentável do interior.
A sabedoria milenar do Japão
Caberia ao Amazonas, para reforçar e ampliar seus estudos da dinâmica do carbono, o CADAF, pago pelo governo japonês, que aprofundou o mecanismo miraculoso da fotossíntese, este milagre florestal que a generosidade florestal amazônica promove ao absorver gás carbônico e devolver oxigênio para a atmosfera. Precisamos transformar essa equação em vantagens fiscais e monetárias para nossa região e nossa gente.
Precificar o benefício de quem gera emprego e impede que a população destrua as árvores. A partir daí poderemos descobrir o valor do cheque que será definido pela mensuração do PIB Verde, recentemente aprovado no Congresso Nacional e que poderá dizer quanto custa manter uma floresta frondosa em mais de 90% de seu porte e poder incentivar atividades produtivas de baixo carbono?
Parceria
Este é um dos desafios da FIPE Amazonas, que as entidades da Indústria estão pilotando para criar novas modelagens da economia da sustentabilidade, em que estamos ficando especialistas. Ou algum outro Estado tem condições de responder ex-cátedra qual a importância econômica da floresta amazônica na busca do equilíbrio climático da Terra, a pergunta da hora que o Brasil disse em Paris, há dois anos, que saberia responder, com desmatamento zero e reflorestamento de 12 milhões de hectares. Com tantos furacões e cataclismas não dá mais para brincar com coisa séria. Vamos passear na floresta e precificar essa tarefa de deixá-la frondosa e a serviço da humanidade.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
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