As manobras sorrateiras – blefes e rasteiras de plantão e as futricas da enganação estão à solta – neste momento crucial do Amazonas. Na contramão dessa anomalia, e para orientar a escolha da melhor candidatura, a senha é ampliar a sinergia criativa e proativa e abraçar novos patamares de cidadania. A palavra sinergia descreve o exercício da inteligência elucidativa atrás de novas saídas, sejam econômicas, socioambientais e de tecnologia da inovação. Sinergia e política, heranças valiosas da Grécia antiga, querem simbolizar a necessidade de unir e organizar a polis, isto é, a vida social. Sinergia política, portanto, é junção da necessidade de promover a coesão das partes, dos membros da coletividade pra consolidar o bem comum. Estamos todos empanturrados das manchetes da corrupção, distorção de valores e manipulação das verdades, e das promessas ocas, de quem poderia fazer e não fez. Basta de guetos políticos a disfarçar confrarias mafiosas que estão levando o Brasil e o Amazonas ao abismo da exclusão, do atraso e da desesperança.
Nas últimas duas décadas, o Estado do Amazonas, comparativamente, superou a geração da riqueza do Ciclo da Borracha, quando contribuíamos com 45% do PIB do Brasil nas folias perdulárias do látex. A Zona Franca de Manaus, neste período, empinou a arrecadação, abarrotou os cofres públicos, locais e federais, e não alcançou o cidadão. A gestão caolha da abundância se revelou socialmente perversa, politicamente corrompida, e economicamente desastrosa. Recursos da ordem de R$ 8 bilhões, pagos pela indústria, e destinados à interiorização do desenvolvimento, no período, foram e são aplicados no “custeio” da máquina pública da gastança sem fim e de farras impublicáveis. A União beliscou 54% da riqueza aqui gerada e 80% das verbas destinadas a pesquisas regionais de fomento econômico. O Estado confiscou mais de R$1 bilhão da UEA, mas não promoveu sua inserção socioeconômica, para criar novos patamares de desenvolvimento e de inovação tecnológica vinculados ao polo industrial.
Sem conhecimento não há desenvolvimento, essencial para o combate da pobreza e redução das desigualdades. Os jovens estão perambulando pelas ruas do desemprego e do ilícito, carentes de novos parâmetros da receita pública focada no crescimento socioeconômico. Há um clamor generalizado pela diversificação e interiorização da economia e da prosperidade a partir do aproveitamento sustentável das riquezas naturais. Uma convicção que, à luz da concentração de negócios na capital, se confirma na multiplicidade de iniciativas de atores e setores empenhados em estudar, propor e materializar projetos mais atentos às vocações econômicas dos insumos amazônicos.
Entretanto, o polo industrial precisa expandir para sobreviver, e seguir bancando esses fundos, ora tão distorcidos, e é exigir condições infraestruturais. É importante aproximar-se das experiências do setor agrícola, incorporar novas cadeias produtivas da biotecnologia, dos fertilizantes. O reino animal, vegetal e mineral são separados apenas na literatura. Nas iniciativas emergenciais são novos arranjos produtivos, com premissas de conservação e manejo inteligente da biodiversidade, da geodiversidade, da aquicultura e do polo naval para uma cabotagem inteligente nas hidrovias amazônicas, do polo gás-químico e do desarquivamento das coleções e acervos do INPA e da EMBRAPA, e do destravamento do CBA, para os novos produtos da nanobiotecnologia, integrados à tecnologia da informação, comunicação e eletroeletrônicos.
Há um clima de cumplicidade redentora. Com ela, vamos socializar a esperança, acolher demandas, partilhar acertos, aprender com os fracassos, na medida em que o somatório de inteligências e esforços são garantias efetivas de superação e conquistas. Na conjunção da uma nova sinergia política, imperativa e inadiável, vamos escolher quem tem preparo e currículo para fazer gestão transparente e compartilhada do manancial de recursos em favor das pessoas, demonstrando com atitudes o sentido de utopia que daí decorre, a saber: a antecipação de uma realidade possível e próspera para o Amazonas, para a Amazônia e para o Brasil.
Alfredo Lopes é consultor da Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas)
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