Satélite do Google é capaz de identificar incêndios florestais do tamanho de uma sala de aula

A nova tecnologia utiliza inteligência artificial para analisar rapidamente imagens de satélite das áreas com incêndios florestais e comparar com registros anteriores do mesmo local

Um novo satélite tecnológico foi lançado nesta semana com o objetivo de colaborar com a detecção precoce de incêndios florestais. Iniciativa do Google, a novidade é o primeiro modelo do projeto FireSat, uma iniciativa que surgiu para superar limitações de satélites tradicionais. Muitas vezes estes oferecem imagens com baixa resolução e atualizações lentas, dificultando a identificação de focos de incêncio ainda em estágios iniciais.

“Alguns satélites hoje tiram uma foto a cada cinco minutos, mas elas são grosseiras”, apontou Chris Van Arsdale, que trabalha em projetos de clima e energia no Google, em comunicado. “Você tem sorte se puder ver a cidade de São Francisco na imagem. Você certamente não verá onde está um incêndio até que ele tenha alguns acres de tamanho.”

Alta intensidade de incêndios florestais e emissões observados ao Norte da floresta amazônica, particularmente em Roraima.
Alta intensidade de incêndios florestais e emissões observados ao Norte da floresta amazônica, particularmente em Roraima | Foto: Copernicus

Outro aspecto relevante destacado pelo Google é que muitos incêndios florestais têm início em áreas montanhosas, frequentemente atingidas por raios e de difícil acesso para aviões e drones, o que compromete a detecção precoce.

Com o FireSat, o Google utiliza inteligência artificial para analisar rapidamente imagens de satélite e comparar com registros anteriores do mesmo local. A IA leva em consideração elementos como clima e proximidade de infraestrutura para identificar com precisão a presença de incêndios, independentemente da localização no planeta. Isso permitirá uma resposta mais rápida e localizada, contribuindo para a mitigação de danos ao meio ambiente e à população.

“Na primeira vez que usamos o avião, um dos membros da nossa equipe acendeu uma churrasqueira e uma fogueira em seu quintal para que pudéssemos voar com o avião e testá-lo”, contou Erica Brand, uma das gerentes do FireSat. “E os sensores conseguiram captá-lo.”

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(Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace – 03/08/2023)

Nos próximos anos, espera-se que os dados do satélite contribuam para um mapeamento histórico de incêndios e queimadas, ampliando cada vez mais sua precisão. Nesse cenário, um incêndio de apenas 5×5 metros, aproximadamente do tamanho de uma sala de aula, poderia ser identificado em 20 minutos.

Isadora Noronha Pereira
Isadora Noronha Pereira
Jornalista e estudante de Publicidade com experiência em revista impressa e portais digitais. Atualmente, escreve notícias sobre temas diversos ligados ao meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no Brasil Amazônia Agora.

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