“Queimadas no Pantanal e na Amazônia resultaram em emissões históricas de carbono, superando 195 milhões de toneladas e destacando a gravidade ambiental de 2024.”
Um levantamento recente do observatório europeu Copernicus trouxe à tona números alarmantes sobre os impactos ambientais causados pelos incêndios florestais em 2024. Os biomas brasileiros do Pantanal e da Amazônia foram profundamente afetados, com emissões conjuntas superiores a 195 milhões de toneladas (Mt) de dióxido de carbono (CO2). Os dados evidenciam a gravidade da temporada de fogo, que também afetou outras regiões das Américas.
Pantanal: níveis históricos de emissões
O Pantanal, conhecido por sua rica biodiversidade e extensas áreas úmidas, enfrentou um cenário crítico em 2024. O levantamento do Copernicus apontou que, entre maio e junho, o Mato Grosso do Sul registrou 3,3 MtCO2 em emissões devido às queimadas. Esse número não apenas representa o maior valor nos 22 anos de monitoramento do bioma, mas é quase três vezes superior ao recorde anterior, de 2009.
O aumento expressivo das queimadas foi documentado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que registrou um salto de 980% no número de focos de incêndio até o início de junho, em comparação ao mesmo período do ano anterior. A antecipação da temporada de queimadas, associada à persistência do fogo, resultou em emissões totais estimadas de 18,8 MtCO2 para o Mato Grosso do Sul, o maior valor já registrado no bioma.
Amazônia: desafios persistentes e emissões recordes
A Amazônia também sofreu com uma temporada de incêndios devastadora. Segundo o Copernicus, as emissões totais associadas ao fogo na Amazônia Legal brasileira chegaram a 176,6 MtCO2 em 2024, o maior índice desde 2010. Os incêndios foram intensos e contínuos, dificultando esforços de mitigação e recuperação ambiental.
O impacto das queimadas na Amazônia vai além das emissões de carbono. A destruição da floresta compromete ecossistemas únicos, reduz a capacidade de armazenamento de carbono do bioma e ameaça comunidades indígenas e tradicionais que dependem da floresta para sua sobrevivência.
O fogo e seus impactos nas Américas
Os problemas causados pelos incêndios florestais não se limitaram ao Brasil. Em 2024, o fogo foi um fenômeno marcante em várias partes das Américas. No Canadá, as emissões totais ultrapassaram 200 MtCO2, tornando-se o segundo maior registro da história do país, atrás apenas de 2023. Na província da Colúmbia Britânica, as emissões de maio foram de 13,5 MtCO2, três vezes acima do índice registrado no mesmo mês em 2023.
Nos Estados Unidos, estados como Califórnia e Oregon enfrentaram destruição significativa devido aos incêndios. No entanto, as emissões de carbono permaneceram dentro da média das últimas duas décadas, refletindo esforços para mitigar danos mais graves.
No contexto sul-americano, Bolívia, Pantanal e partes da Amazônia estiveram entre as áreas mais afetadas, com incêndios de proporções históricas. Esses eventos refletem o impacto conjunto de mudanças climáticas, práticas de manejo inadequadas e fatores econômicos que impulsionam o desmatamento e o uso do fogo.
Mark Parrington, cientista sênior do serviço de monitoramento da atmosfera do Copernicus, destacou que os incêndios florestais nas Américas do Norte e do Sul foram responsáveis por emissões significativas no cenário global em 2024. “A escala de alguns dos incêndios estava em níveis históricos, especialmente na Bolívia, no Pantanal e em partes da Amazônia. Apesar de os incêndios no Canadá não superarem os de 2023, continuaram extremos”, observou Parrington.
Os impactos globais das emissões de carbono são profundos. Incêndios florestais dessa magnitude contribuem para o aumento das concentrações de gases de efeito estufa, intensificando o aquecimento global. Além disso, afetam diretamente a saúde de populações locais devido à emissão de partículas finas e outros poluentes.
Os incêndios florestais em 2024 ressaltam a urgência de ações coordenadas para mitigar seus impactos e prevenir novas catástrofes. Governos, comunidades locais e organizações internacionais precisam trabalhar em conjunto para fortalecer políticas ambientais, promover práticas de manejo sustentável e investir em tecnologias de monitoramento e combate ao fogo.
O futuro dos biomas brasileiros, como o Pantanal e a Amazônia, depende de ações rápidas e eficazes para conter o avanço das queimadas e garantir a proteção dos ecossistemas que desempenham um papel crucial no equilíbrio climático global.