Os pesticidas na agricultura afetam mais de 800 espécies terrestres e aquáticas, comprometendo taxas de crescimento, sucesso reprodutivo e comportamentos essenciais
Uma análise internacional feita a partir de 1,7 mil estudos, liderada pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China Oriental, revelou que os pesticidas são uma das principais causas da crise global da biodiversidade. Além de eliminarem as espécies-alvo e afetarem habitats terrestres e aquáticos, essas substâncias causam efeitos devastadores em micróbios, fungos, plantas, insetos, peixes, aves e mamíferos, comprometendo ecossistemas inteiros.
O estudo, publicado em fevereiro na Nature Communications, analisa o impacto de 471 tipos de pesticidas, incluindo fungicidas, inseticidas e herbicidas, utilizados na agricultura, no comércio e em residências. A partir disso, reforça a necessidade de revisão no uso desses pesticidas e a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis para mitigar seus impactos na fauna e flora mundial.

Reflexos na biodiversidade
Foram analisados todo o espectro de espécies encontradas no mundo natural, de forma ampla. Os resultados mostram que os pesticidas afetam mais de 800 espécies terrestres e aquáticas, comprometendo taxas de crescimento, sucesso reprodutivo e comportamentos essenciais. As substâncias interferem na capacidade de capturar presas, encontrar alimentos, movimentar-se e até atrair parceiros, ampliando os impactos da crise da biodiversidade em nível global.
Além disso, ele não apenas ameaça espécies benéficas, mas também pode levar ao desenvolvimento de resistência por parte das pragas, tornando os produtos químicos menos eficazes ao longo do tempo.
“Os pesticidas são um mal necessário, sem os quais a produção global de alimentos e os meios de subsistência dos agricultores provavelmente entrariam em colapso. Mas as nossas descobertas realçam a necessidade de políticas e práticas que reduzam a sua utilização“, alerta o co-autor Ben Woodcock, ecologista do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido (UKCEH, na sigla em inglês).

Como alternativa, os pesquisadores sugerem que os agricultores adotem métodos naturais de controle, como a plantação de flores silvestres e a criação de bancos de escaravelhos, que ajudam a sustentar espécies predadoras de pragas. Isso permitiria reduzir a necessidade de pulverização, tornando a agricultura mais sustentável e equilibrada.