Estudo aponta áreas prioritárias para conservação e destaca urgência na proteção de espécies de plantas ainda não catalogadas
Cientistas descobriram 33 locais ao redor do mundo onde milhares de espécies de plantas ainda não foram registradas. Esse cenário acende um alerta para a necessidade urgente de conservação. A pesquisa, publicada na revista científica New Phytologist, mostra que muitos desses “dark spots” estão em regiões de alta biodiversidade, mas que sofrem forte pressão humana. Entre elas, destacam-se a ilha de Sumatra, na Indonésia, os Himalaias, no sudeste da Ásia, Madagascar e o sudeste do Brasil.
Essas áreas são verdadeiros tesouros da biodiversidade, repletos de vida vegetal e animal, mas que enfrentam graves ameaças de destruição devido à expansão agrícola, urbanização e extração de recursos naturais. A pesquisa foi conduzida por especialistas do Jardim Botânico Real de Kew, no Reino Unido, e liderada pelo brasileiro Alexandre Antonelli, diretor de ciência da instituição.
Com isso, o estudo aponta que muitos desses “dark spots” coincidem com os chamados “hotspots” de biodiversidade, regiões que, além de abrigarem uma vasta quantidade de novas espécies, estão em risco elevado de degradação. A falta de pesquisas nessas áreas faz com que muitas plantas ainda permaneçam desconhecidas pela ciência, e a ausência de dados impede que estratégias eficazes de conservação sejam implementadas.
“Estamos protegendo 30% do planeta até o fim da década, de acordo com as metas da ONU – mas não sabemos quais áreas proteger sem as informações adequadas”, afirmou Antonelli em entrevista ao The Guardian. Segundo ele, a identificação desses locais é crucial para direcionar os esforços de preservação.
Brasil: um dos principais alvos
O sudeste brasileiro, uma das regiões citadas pelo estudo, abriga ecossistemas únicos, como a Mata Atlântica, já amplamente devastada pela ação humana. Especialistas apontam que a biodiversidade dessa região está entre as mais ameaçadas do mundo. Além da Mata Atlântica, a Amazônia também enfrenta riscos, especialmente em áreas onde o desmatamento e as queimadas continuam a avançar.
Dados anteriores já indicavam que aproximadamente 15% das plantas do planeta ainda não foram descobertas, e que 75% dessas espécies correm o risco de desaparecer antes mesmo de serem conhecidas. Ou seja, a degradação ambiental pode estar eliminando espécies essenciais para o equilíbrio ecológico global.
Desafios para a preservação
Um dos grandes desafios para proteger essas áreas é a falta de recursos e de investimento em pesquisas científicas. Embora o estudo tenha identificado as regiões que mais precisam de atenção, ainda é necessário um esforço conjunto entre governos, ONGs e a comunidade científica para implementar ações de conservação de forma eficaz.
No Brasil, por exemplo, o financiamento para projetos de conservação e estudos botânicos é limitado, o que dificulta o avanço em pesquisas essenciais. A proteção de áreas naturais é vista como uma das maneiras mais eficientes de mitigar os efeitos das mudanças climáticas e preservar a biodiversidade, mas o progresso nessa área tem sido lento.
Nesse sentido, de acordo com os pesquisadores de Kew, a ciência precisa ser a base de qualquer estratégia de conservação. Estudos detalhados sobre as espécies e suas localizações são essenciais para tomar decisões informadas sobre quais áreas precisam ser protegidas de forma urgente.
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