Relatório revela que metade das perdas atuais da Mata Atlântica ocorre em florestas com mais de 40 anos, ricas em biodiversidade e estoque de carbono.
Apesar de sinais de regeneração nas últimas décadas, o cenário atual da Mata Atlântica é de estabilidade frágil, com o desmatamento voltando a ganhar força. Segundo dados do MapBiomas, a cobertura vegetal nativa passou de 27% para 31% da área original, entre 1985 e 2024, avanço tímido diante de décadas de degradação no bioma mais devastado do país.
Aprovada em 2006, a Lei da Mata Atlântica foi decisiva para frear a devastação e permitir um ganho líquido de 200 mil hectares entre 2005 e 2014. Mas esse avanço perdeu fôlego na última década. Entre 2015 e 2024, as áreas desmatadas passaram a se equilibrar com as áreas em regeneração, mesmo após a implementação do novo Código Florestal em 2012.

Nos últimos 40 anos, o bioma perdeu 2,4 milhões de hectares de floresta, uma redução de 8,1%. Quando considerados todos os tipos de vegetação nativa, a perda chega a 11,5%. A expansão da agricultura é um dos principais vetores de transformação da paisagem, a área agrícola cresceu 96% desde 1985, ocupando um terço do território do bioma. O cultivo de soja saltou 343% e a cana-de-açúcar aumentou 256%, com destaque para os estados do Paraná e São Paulo.
A silvicultura também teve crescimento expressivo, com a área multiplicada por cinco desde 1985 e que ocupa hoje 51% da atividade no país, com concentração em Santa Catarina, Paraná e Bahia. Além de abrigar 33% da agricultura brasileira, a Mata Atlântica é onde estão 51% das áreas urbanizadas do país. Entre 1985 e 2024, a urbanização dobrou, especialmente nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
Apesar dos avanços legais e de regeneração em alguns períodos, o relatório alerta que metade do desmatamento registrado em 2024 ocorreu em florestas maduras, fundamentais para a biodiversidade, o armazenamento de carbono e os serviços ecossistêmicos do bioma.

