Jane Goodall revolucionou a ciência dos primatas e inspirou gerações, deixando um legado de ativismo ambiental, educação climática e defesa da biodiversidade global
A cientista britânica Jane Goodall, referência global em estudos sobre o comportamento de primatas e defensora histórica do meio ambiente, morreu aos 91 anos por causas naturais. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (1º) pelo Instituto Jane Goodall. A primatologista estava nos Estados Unidos, onde participava de uma turnê de palestras.
Goodall ficou conhecida por transformar o entendimento da ciência sobre os chimpanzés. Em meados da década de 1960, no Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia, ela documentou pela primeira vez comportamentos como o uso de ferramentas e interações sociais complexas entre os animais, características até então consideradas exclusivas da espécie humana. Ao atribuir nomes aos chimpanzés e registrar traços individuais de personalidade, rompeu com normas da ciência tradicional e introduziu uma abordagem mais empática na pesquisa animal.

Nascida em Londres, iniciou sua carreira como secretária. Em 1957, viajou para o Quênia, onde conheceu o paleoantropólogo Louis Leakey, que a incentivou a iniciar seus estudos com primatas. O seu trabalho no leste da África se tornaria uma das pesquisas mais influentes da etologia moderna.
Com o tempo, Goodall passou a se dedicar também à conservação ambiental, diante da rápida degradação dos ecossistemas que acompanhava de perto. Em 1977, fundou o Instituto Jane Goodall, presente em dezenas de países, com projetos voltados à pesquisa, proteção da vida selvagem e educação ambiental. Um dos programas mais impactantes da instituição é o Roots & Shoots, que mobiliza jovens em ações de sustentabilidade.
Nos últimos anos, Goodall se destacou como uma voz importante nas discussões sobre a crise climática. Participou de conferências internacionais e alertou sobre as mudanças climáticas. Mesmo aos 91 anos, Jane Goodall permanecia ativa, participando de eventos e escrevendo. Seu último livro, O Livro da Esperança (2023), resume sua visão sobre os caminhos possíveis para um futuro melhor — sempre ancorado na ação coletiva, na resiliência da natureza e na capacidade humana de transformação.
